Proteste se houver algo que lhe faz mal, ainda que seu interlocutor se incomode. Se você não entender, precisa de empatia e da inteligência emocional necessária para estabelecer relações saudáveis.
Na hora de falar em maus-tratos, imediatamente pensamos no tipo de violência física ou psicológica que uma pessoa exerce sobre a sua vítima. No entanto, existem outros tipos de maus-tratos “sutis”, dos quais, em algumas ocasiões, não temos tanta consciência e que, aos poucos, acabam por nos destruir por dentro.
São ataques encobertos aos quais não costumamos reagir porque a agressão não é tão direta, ou pode até ser que a intenção não seja de causar dano. No entanto, por ser constante, eles vão destruindo nossa autoestima e a confiança que temos em nós mesmos. Cuidado, pois não estamos falando somente dos maus-tratos sutis que nosso companheiro ou companheira pode exercer; às vezes, até nossos próprios familiares podem praticá-los.
A seguir ensinaremos como reconhecê-los e como se defender deles.
Como se exercem os chamados “maus-tratos sutis”?
Para compreender a dimensão dos maus-tratos sutis, falaremos sobre alguns exemplos que serão facilmente reconhecíveis. Pensemos em uma menina que, desde muito pequena, fizeram acreditar que é desastrada. Toda vez que algo caía das mãos dela, seus pais chamavam a sua atenção; quando ela quebrava algo sem querer, eles justificavam a situação falando de como ela sempre fora muito desastrada.
Na medida em que ela vai crescendo, seus pais usam essa forma desajeitada e avoada para justificar as provas nas quais ela não vai bem, e à sua incapacidade de fazer amigos. Seus pais a amam, não há dúvida disso, e claramente não a estão maltratando fisicamente. No entanto, ao longo de sua vida, eles a fizeram acreditar que é uma pessoa “incapaz e desajeitada”. São maus-tratos sutis criaram nela uma grande insegurança e uma baixa autoestima.
Vejamos outro exemplo. Temos um parceiro que costuma usar muito a ironia em seu dia a dia. São comuns os comentários brincalhões através dos quais ele tenta fazer os outros rirem, sem perceber que, com suas frases, está nos machucando. Ele nunca parece levar nada a sério, e ironiza qualquer coisa: o que você faz, como se veste, como se expressa. São pequenas coisas que ele pode fazer sem ter má intenção, mas no entanto lhe causam dor e, portanto, trata-se de uma situação de maus-tratos encobertos.
É importante saber que este tipo de comportamento é muito comum em nossa realidade, e que é muito difícil reagir diante deles, devido a tanta sutileza. São coisas pequenas que, ao se converterem em persistentes, acabam nos ferindo, até o ponto em que nos tornamos completamente indefesos. Temos que aprender a reconhecê-los.
Como me defender perante maus-tratos “sutis”?
Você deve ter consciência de que as palavras podem machucar tanto quanto uma agressão física. As feridas internas são tão dolorosas quanto um golpe.
Não importa o quanto o comentário for inofensivo, ou a inocência de uma determinada ironia. Não permita que isso aconteça. Diga o que pensa em voz alta e expresse-se claramente, explicando que essas palavras machucam você e que não devem ser repetidas novamente.
Estabeleça limites em sua vida, barreira que os demais não devem ultrapassar. Se as ironias sobre a sua pessoa o incomodarem, não as permita. Se falarem algo sobre você que não for verdade, defenda-se. Se há pessoas que sempre se dedicam a fazer pequenos comentários sobre essas características, talvez seja o momento de se manter afastado delas. As pessoas tóxicas somente nos causam sofrimento, e para viver com insegurança ou infelicidade, não vale a pena conviver com elas.
O principal problema dos maus-tratos sutis é que as outras pessoas não veem problema nenhum em suas palavras e ações. Elas não o reconhecem. O que para eles é uma brincadeira, para nós é uma clara ofensa. Se não reagirmos, se deixarmos passar um dia e o outro também, chegará um momento em que o nível de maus-tratos será muito maior.
Os maus-tratos podem ser exercidos por nossos pais, mães, irmãos, parceiros ou até por colegas de trabalho. Pessoas que dizem que nos amam e respeitam, mas não se equivoque. É fundamental que você defenda sempre a sua própria integridade e sua autoestima, e que diferencie muito bem o que é respeito do que é ofensa. Há pessoas que pensam que a confiança cotidiana lhes dá licença para brincar conosco, para ironizar, e inclusive para faltar com o respeito. Não permita isso nunca. Coloque em evidência tudo que lhe incomodar. Impeça que causem mal, e se não gostarem de sua reação, não se preocupe, pois quem não entender que você se sentiu ferido não tem empatia, e portanto não possui a inteligência emocional necessária para estabelecer reações saudáveis.
Fonte indicada: Melhor com saúde