“Precisamos de 4 abraços por dia para sobreviver. Precisamos de 8 abraços por dia para nos manter. Precisamos de 12 abraços por dia para crescer”. (Virginia Satir)

Li há algum tempo um artigo muito interessante sobre a importância do abraço. Vamos deixar claro que quando falo em abraço aqui eu me refiro àquele que envolve, que junta peito com peito, coração com coração e não o pouco acalorado tapinha nas costas.

Estudos dizem que ao abraçarmos o nosso cérebro libera substâncias como dopamina e serotonina responsáveis pela sensação de bem estar, calma e harmonia. Há ainda aqueles que afirmam que abraçar aumenta a imunidade, a autoestima e melhora também a saúde psicológica.

Muitas vezes já me peguei pensando sobre os abraços que dei e recebi na vida. Acho que o abraço é o mais sincero gesto de carinho que existe, pois é impossível ficar atrelado a alguém pelo qual não somos verdadeiramente afeiçoados. Pode-se dar um beijo rápido no rosto, mas um abraço demorado nessa pessoa não, a gente não consegue. E não vale, nesse caso, balançar a pessoa como sino para tirar a atenção do que realmente importa.

Abraçar implica se deixar envolver, se deixar fundir. Abraçar é uma sinfonia de batidas de coração, é um alinhamento de respirações profundas e uma confluência de mentes que se estimulam, se acarinham e se resguardam através do tato.

Nos meus vinte e poucos anos eu não abraçava muito. Lembro-me de ter um dia chegado em casa e tentado me lembrar qual era a última vez que eu tinha abraçado. Foi um exercício difícil, pois eu realmente não me lembrava. Felizmente isso muda quando temos por perto, por exemplo, familiares carinhosos, amigos sinceros, um amor para chamar de nosso e crianças. Sim, crianças são campeãs em abraçar. Elas em tenra idade sabem o que realmente importa na vida. É por isso que boas mães geralmente têm sua cota diária de abraços garantida. Elas não sofrem do que a psicologia chama hoje de “fome de pele”.

Mas, tem muita gente faminta passando por nós mundo afora. E quando falo muita gente, coloquem um número absurdo nessa equação. Aponta-se por ai que precisamos de doze abraços diários para ter as nossas necessidades afetivas plenamente supridas. Sim, vocês leram certo, não são dois, nem quatro, nem seis, mas doze abraços.

Você já deu doze abraços hoje? Acho que pouca gente dirá que sim. E eu ao ler esse número pensei nas vezes as quais fui ao médico por conta de uma rinite ou algo assim e sai de lá com um remédio prescrito. E se ao invés de um medicamento, facilmente encontrado em qualquer farmácia, o doutor me receitasse doze abraços para aumentar a imunidade, eu seria capaz de cumprir essa prescrição?

Um medicamente é rápido, você toma uma pílula por dia e resolve as coisas…por um tempo. Mas doze abraços não podem ser dados de qualquer jeito. É preciso que se ampliem os vínculos, que a gente estenda o alcance de nossas relações, é preciso mudar a forma de ver o mundo, os que nos cercam e nós mesmos.

Abraçar implica muito mais que entrelaçar braços. Abraçar exige que a gente esteja disposto a amar e a se deixar amar. Que a gente esteja pronto para perdoar e se deixar perdoar. Abraçar implica superar as rejeições e aceitar o conforto e o consolo do outro.

Um abraço diz de forma silenciosa que nós nos importamos, que nós estamos juntos, que nós deixamos de lado um monte de afazeres, que parecem imprescindíveis, para fazer o que realmente importa na vida.

Vamos abraçar?

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Vanelli Doratioto

Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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