Envelheço. A pele me conta dos dias passados. O cansaço nas pernas percorrem os caminhos da minha vida. Acertos e erros cantam meus desassossegos e minha paz. Tenho sobressaltos à noite, penso no que virá, procuras sobre quem cuidará dos meus dias.
Alguns possíveis não estão mais por aqui, sonhos que viraram riachos. Tenho saudades. Penso na infância, na juventude, passado e futuro se misturam. Tenho medo. Procurem, nos dias difíceis lugares para acomodar minha autonomia, não enfraqueçam minha voz, não fechem seus ouvidos.
Tenho histórias. Desliguem os relógios do mundo, os celulares e a vida lá fora. Colocarei a chaleira no fogão, espalharei o cheiro do café para que você saboreie minhas “contações”. Falarei da vida que tive, do meu sofrer e da minha alegria. O andar lento, o tremor nas mãos e a demora nas respostas serão recheios lindos para histórias que servirei.
Falarei de saudade, dos conhecidos que partiram e daqueles que sumiram. Talvez, no meio do riso, eu chore. Sou povoado das vidas que estiveram na minha vida. Talvez eu me demore, o tempo é muito curto pra caber todos os lugares de onde você veio. Se demore, por favor, se demore.