10 características de pessoas infantiloides

 

Segundo o horóscopo chinês, 2017 será o ano do galo. Entre outras coisas isso quer dizer que estaremos todos mais impacientes, uma vez que o penoso é um bicho arisco.

Que coisa boa poder culpar um simples galo imaginário pela minha total falta de paciência para com algumas coisas. Chineses, seu fofos, hashtag gratidão para vocês!

Pois bem, o ano ainda nem começou direito e a ave já ciscou no meu terreiro: paciência zero para o infantiloidismo.

São características do infantiloidismo:

  1. Escutar a verdade e ficar dodói, com vontade de matar o mensageiro e não de tentar resolver o próprio problema;
  2. Não poder ser confrontado, nem puxado para a realidade porque logo os sentimentos de não ser compreendido e de vitimismo aparecem;
  3. Ignorar a lei da física de que toda ação provoca uma reação;
  4. Fingir que não sabe que o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário;
  5. Ter esperança num ano melhor, mas não fazer absolutamente nada para melhorar a semana;
  6. Nunca poder ser contrariado ou criticado – críticas soam como desafeto, não aceitação ou invasão;
  7. Sentir-se perseguido e injustiçado;
  8. Fechar a cara (ou a conversa no WhatsApp) quando é questionado;
  9. Achar que todos têm o dever e a obrigação de entender seus problemas e aceitar incondicionalmente suas limitações.
  10. Temer responsabilidades e fazer as coisas pela metade.

O infantiloidismo é um mecanismo de defesa do ego. Para preservar-se de uma possível dissolução, o ego cria uma capa impermeável que impede a entrada da luz: a realidade.

O problema é que assim como as crianças não ficam invisíveis debaixo da mesa da sala de jantar – como elas imaginam –  quem veste a capa do infantiloidismo a mando do ego também não. Pelo contrário! Quanto mais um infantiloide nega sua dura realidade na tentativa de ocultar seus medos e faltas, mais esses medos e faltas se tornam evidentes tanto para ele quanto para o interlocutor.

Ninguém está imune ao infantiloidismo. Vez ou outra, caímos na esparrela da capa impermeável da invisibilidade e da salvação eterna. Mas fazer disso um estilo de vida é outra história – lembrando que tudo o que passa de três meses deixa de ser fase para se tornar um estilo de vida.

Outro probleminha trazido por essa capinha nada fashion? O pensamento mágico. Ao vestirmos o presente de grego do ego somos invadidos pelo sentimento de que algo mágico vai nos acontecer porque somos especiais, escolhidos, sortudos; porque temos bom coração. Vestidos com a tal capa impermeável nos sentimos capazes de tudo: de mudar de emprego, de morar fora do país, de emagrecer dezenas de quilos, de abrir um novo negócio, comprar um apartamento, casar, ter filhos, mandar todo mundo à merda, etc, etc, etc.

Mas de repente, não mais que de repente, eis que vaza um fiozinho de realidade por entre os furinhos dos botões da indumentária e pronto. Esse fiozinho é o suficiente para fazer um estrago gigantesco. Se vestidos com a capa somos invencíveis, diante de um fio de luz de nossa parca realidade nos sentimos um zero à esquerda, um fracasso, uma ameba sem energia para ir daqui à padaria.

E por que aceitamos esse presente amaldiçoado, essa capa diabólica que serve apenas para nos enganar? Porque ela confere conforto, o conforto de não precisarmos agir, de não precisarmos nos responsabilizar por nada, ou melhor, o pseudo-conforto da fantasia e da inércia – só quem chuta perde (ou acerta) o gol, certo?

Ao dizermos “não, obrigada”, para o presentinho, estamos automaticamente assumindo que cabe somente a nós mudarmos nossas vidas e que ninguém é culpado pelas escolhas que fizemos e que nos trouxeram para o lugar aonde chegamos.

Nesse caso não tem astrologia chinesa, hindu, galo, galinha, arara rosa ou preta, papagaio ou hipopótamo para culpar.

Que tal observar em que momento o ego está ofertando o regalo e qual a sua motivação para aceitá-lo antes de vesti-lo?

Nossas mães nos ensinaram a não aceitarmos balas de estranhos, né? O ego é um estranho se fingindo de amigo e sua case pode ser tão perigosa quanto uma bala alucinógena. Pense nisso! E bom banho de chuva, porque a vida foi feita para a gente se molhar…

Mônica Montone

Mônica Montone é formada em Psicologia pela PUC-RJ e escritora. Autora dos livros Mulher de minutos, Sexo, champanhe e tchau e A louca do castelo.

Recent Posts

Tire as crianças da sala antes de dar o play nesta série cheia de segundas intenções na Netflix

Uma série perfeita para maratonar em um fim de semana, com uma taça de vinho…

17 horas ago

Você não vai encontrar outro filme mais tenso e envolvente do que este na Netflix

Alerta Lobo ( Le Chant du Loup , 2019) é um thriller tenso e envolvente…

19 horas ago

Trem turístico promete ligar RJ e MG com belas paisagens a partir de 2025

Uma nova atração turística promete movimentar o turismo nas divisas entre o Rio de Janeiro…

1 dia ago

Panetone também altera bafômetro e causa polêmica entre motoristas

O Detran de Goiás (Detran-GO) divulgou uma informação curiosa que tem gerado discussão nas redes…

1 dia ago

Homem com maior QI do mundo diz ter uma resposta para o que acontece após a morte

Christopher Michael Langan, cujo QI é superior ao de Albert Einstein e ao de Stephen…

2 dias ago

Novo filme da Netflix retrata uma inspiradora história real que poucos conhecem

O filme, que já figura entre os pré-selecionados do Oscar 2025 em duas categorias, reúne…

2 dias ago