A série canadense “Anne with an E” foi lançada em 2017 e, desde então, arrebatou muitos corações, uma vez que possui a capacidade de nos inspirar através de cenas e frases profundamente relevantes e emocionalmente significativas.
Disponível na Netflix e baseada no livro de 1908 Anne de Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, ela apresenta seus personagens principais com grande doçura, tendo como destaque a órfã “Anne”, uma menina ruiva e sonhadora que adora inventar histórias para fazer a vida ficar mais bonita.
Se por um lado Anne possui uma história de vida triste e sofrida, ela sobrevive utilizando-se de mecanismos muito criativos para seu enfrentamento e superação. Ela chama a nossa atenção pela profunda empatia.
No geral, todos os personagens da série se importam com o que os outros sentem e, talvez, esse seja um dos pontos fortes da série, uma vez que vemos como eles tratam dos problemas com um olhar amoroso e afetivo: ver as escolhas feitas pelo coração é algo que acarinha nossa vida.
Não é de hoje que vemos pelas internet algumas de suas frases sendo partilhadas. E, a partir daí, nós da CONTI outra, repensamos o seu significado e selecionamos algumas delas para o momento atual.
É nos momentos mais difíceis que percebemos com mais clareza a importância de quem realmente importa em nossa vida. Às vezes pecamos pela ausência ou falta de proximidade afetiva, mesmo estando perto. Na rotina, nos esquecemos de abraçar e destinar nosso olhar mais brilhante para quem mais merece. Ela quis muito uma família e sabe o valor disso. Os tempos atuais, repletos de incerteza, também nos fazem pensar nisso.
As pessoas tendem a olhar para a vida a partir do filtro promovido pelas lentes de suas experiências prévias. Às vezes nós queremos que alguém querido pense como nós, mas não conseguimos ver que a pessoa, naquele momento, pensa como ela é capaz. O olhar afetivo é aquele que ajuda o outro a evoluir, que acolhe, que ensina e que é tolerante. Antes de rompermos contato ou nos enfurecermos- principalmente quando o olhar é político ou religioso-, que tal escutar mais e tentar compreender o motivo de tantas diferenças na forma de pensar?
O que passou passou, que sirva de lição! Se alguém nos fez mal, que tenhamos uma distância segura dessa pessoa se for o caso, mas que antes entendamos o que aconteceu para evitar a repetição dessas situações até mesmo com outras pessoas. Vingança não leva a lugar nenhum e nos prende ao passado e a sentimentos ruins. Todos os sentimentos são normais, até o ódio. Não há problema nenhum se, em algum momento, nós tivermos sentimentos ruins. O que muda é o tempo que gastamos com cada um desses sentimentos. Anne preferia seguir alicençada no amor e na esperança. E você?
Anne, nessa frase, incentiva que cultivemos nossa beleza. Ela quer que nos sintamos bonitos e atraentes para o mundo, para nós mesmos, para a vida. Como estamos cuidando de nós mesmos nesses tempos de quarentena? Estamos tirando os pijama? Estamos cuidando de nossos corpos e de nossa alma? Por que não usar aquele tempo livre para tomar um banho delicioso, perfumar-se e abrir um livro?
Nós não temos absolutamente nenhum controle sobre as coisas que acontecem no mundo. Nós gostamos de achar que temos mas, na verdade, nós não temos. Sempre pode acontecer uma catástrofe natural, alguém pode ficar doente, a nossa vida pode sair dos trilhos muito rapidamente. Os tempos atuais são a prova disso. O nosso controle, entretanto, está muito relacionado a como nós lidamos com o que já aconteceu tanto para tentar previnir problemas futuros quando para ressignificar prioridades e expectativas. A dor costuma ser parceira das pessoas mais sábias, como disse Anne, ela é capaz de “construir” caráter.
Ver beleza é algo que também pode ser aprendido. Veja como algumas pessoas focam suas falas na tragédia enquanto outras conseguem focar no que pode acontecer de bom a partir dela. Somos seres criativos e devemos sonhar com alternativas mais belas e nobres para o que nos chega de forma dura e rude. Anne, como boa sonhadora, sabia disso.
“Há beleza nas cicatrizes porque elas são a prova de que sobrevivemos” também é uma frase que transmite essa ideia.
No Japão, país de sabedoria milenar, existe uma arte que consiste em colar vasos quebrados com ouro e laca, pois eles têm a compreensão que o objeto quebrado passa a ter mais valor e beleza.
Os países que sobreviveram as guerras também saíram mais amadurecidos. Não será diferente conosco. Como disse o próprio Papa Francisco recentemente “Preparem-se para tempos Melhores”.
A terceira temporada de Anne foi marcante pelo exemplo de luta política dos jovens da escola que, bravamente, desafiaram o “velho pensamento” da cidade para poder seu direito a livre expressão e aos direitos das mulheres.
A pandemia está recuperando em nós a capacidade de valorizar a mídia e a ciência. Os últimos anos foram marcados por muitas “Fake News” e isso fez com que acreditássemos menos no que ouvíamos. Mas o tempo também separa o joio do trigo e, agora, estamos sendo capazes de separar quem é a imprensa séria dos canais de pura manipulação. A ciência estava sendo sucateada, mas o vírus que nos ameaça também nos lembrou que o trabalho dos pesquisadores deve ser constante. O resultado do que fazem pode salvar milhões de vidas. A mídia séria precisa ser valorizada porque ela também é uma ferramenta que dá voz ao povo. Anne sabia disso.
Essa frase mostra como temos muito mais opções do que julgamos ter. A vida é feita de escolhas e cada um, respeitando os limites da sociedade e do espaço do outro, deve traçar seu próprio caminho. Às vezes ainda não há uma resposta, às vezes o caminho ainda nem foi trilhado, mas isso não quer dizer que ele não exista.
Ah, o amor. É que ele nos motiva, que nos levanta quando caímos, que nos faz querer continuar mesmo nos momentos mais difíceis.
A economia terá danos graves, poderá faltar dinheiro e até alimento para muita gente, mas se nos unirmos no amor poderemos sair mais fortes. Cada um pode fazer a sua parte. Quem tem pouco ajuda com pouco (e nem precisam ser coisas materiais), quem tem muito deve ajudar com muito. É hora de nos unirmos em forças para a preservação da vida. Todo mundo importa! Anne tinha seus pais adotivos idosos e sabia bem disso. Não há justiça no mundo que vemos lá fora, mas com as vozes certas em coro, podemos mover montanhas.
Muito amor para vocês!
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Imagens: reprodução/divulgação “Ane with an E”
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