De tempos em tempos fica difícil encontrar na TV uma série que realmente segure nossa atenção e que nos deixe com aquele gostinho de “O que vai acontecer no próximo episódio?”
Para alegrar os nossos dias, a Netflix disponibilizou recentemente a série de drama romântico espanhol “O Tempo Que Te Dou” (El tiempo que te doy”, no original), criada por Nadia de Santiago, Inés Pintor, Pablo F. Santidrián e com elenco principal composto pela própria Nadia de Santiago, Álvaro Cervantes e Cala Zavaleta. Afinal, a Netflix percebeu que séries espanholas costumam agradar muito o público brasileiro. Ou vocês já se esqueceram do sucesso fenomenal de “A Casa de Papel”?
“´O Tempo que Te Dou´, nova série romântica da Netflix, acompanha o casal Lina (Nadia de Santiago) e Nico (Álvaro de Cervantes), dois jovens que viveram um romance apaixonado, mas, aos poucos, foram se afastando. Quando o relacionamento com Nico chega ao fim, Lina precisa deixar as lembranças do relacionamento para trás e se concentrar em si mesma. Ao longo de 10 episódios, ela aprenderá a dedicar um minuto a menos ao passado e um a mais ao presente, dando novo significado à expressão “o tempo cura todas as feridas”.”- Adoro Cinema, classificação indicativa de 14 anos.
Isso é possível? Sim, é! Cada um dos episódios da série possui 11 minutos de duração. A lógica por trás disso é que a série quer que nós mergulhemos tanto no amor quanto na dor dos personagens, assim como no processos que envolvem toda a relação e suas idas e vindas. Então, no início, a série aborda um momento em que a relação termina. Nesse episódio a realidade de Lina é substancialmente inundada pela dor e pela dificuldade para achar um motivo para continuar com a sua vida. Para que isso fique claro, dentro dos 11 minutos que nos são mostrados, dez deles são destinados a captar o presente da protagonista enquanto apenas um é utilizado para a retomada do início do romance- quando eles se conheceram há cerca de 9 anos. No segundo episódio algo muda, pois nos são apresentados nove minutos de presente e dois do passado e assim progressivamente. Ou seja, enquanto Lina passa pelo processo de luto, ela vai sendo capaz de resgatar os aspectos positivos da relação. E isso é muito, muito bonito!
Essas idas e vindas do presente para o passado permitem que não nos deixemos levar por conclusões precipitadas de que uma relação não valeu a pena apenas porque acabou.
Talvez um dos grandes diferenciais dessa série é que nela existe um mergulho nas águas profundas da dor, aspecto que nem sempre é bem explorado em romances. Lina dói, sangra por dentro, praticamente se desintegra em sua perda.
Essa paciência de viver cada fase é o que o luto exige dela. Nada acaba de um dia para noite. Existe um processo com começo, meio e fim. E, muitas vezes, assim como a série nos apresenta, o fim ainda ressoa por muito tempo antes de permitir um novo começo. E tudo bem.
Quem já não ouviu críticas com relação aos romances hollywoodianos que terminam no exato momento em que a relação começa a acontecer? “O Tempo que te dou” é diferente porque ele faz uma releitura de todas as fases da relação, de uma parceria que durou anos e que viveu o seu ápice e sua decadência perante os olhos de quem assisti a história.
Como foi tão bem definido por Thamires Viana, do Cineclick, “a trama de O Tempo que Te Dou é inovadora ao mostrar como essa fase é mesmo dolorosa, sem romantizar ou inserir frases prontas de aceitação. Focado em Lina, o roteiro é um dos maiores destaques dessa série, já que foi construído para expressar o quanto o tempo é mestre em curar essas feridas de um amor que não deu certo.”
Existe mais uma beleza na série que pode ser observada: são as cenas apresentadas, ora com cores mais quentes e intensas, ora com tons mais frios. Essa mudança de “temperatura”, sem que percebamos, também ajuda a nivelar nossa percepção do todo com relação aos momentos que estão sendo vivenciados pelo casal.
Como dizemos popularmente “o casal tem química”. E, nesse quesito, a atuação dos atores que fazem o par romântico é um dos elementos que captura nossa emoção como espectadores. Com eles, a gente aprende que ninguém ama do dia para noite, assim como ninguém deixa de amar simplesmente porque aconteceu uma briga ou um afastamento momentâneo. Mostram também que, dentro do ciclo de uma mesma relação, existem infinitos ciclos menores que também possuem começo, meio e fim. E, talvez o mais belo, evidenciam que é possível amar mesmo que, naquele momento, a pessoa não esteja ao seu lado.
Muita gente não gosta de ver séries porque se preocupa com o tempo que terá que ser investido para se assistir capítulos e mais capítulos, temporadas e mais temporadas. Sofrem ainda mais quando pensam que, depois de uma temporada, talvez tenham que esperar vários meses para saber qual foi a sequência da história.
O tempo que te dou oferece a solução para esses problemas, pois, em um único dia, é possível assistir os 10 episódios (se essa for a vontade da pessoa).
Dizem que a terapia é eficiente quando uma pessoa conta a sua história e, através de seu discurso, consegue “reviver” momentos passados e, por estar em outro tempo e espaço, é capaz de construir novos significados para aquilo que aconteceu. Ou seja, existe uma reconstrução de sentidos para que aquilo seja digerido, compreendido, e se torne menos doído. “O tempo que te dou” faz algo similar ao ir além do processo do luto normal que levaria a aceitação como ponto final. A série traz a chance de Lina crescer como ser humano através daquela experiência. E, para falar bem a verdade, penso que quando assistimos nós também crescemos com ela.
A gente sabe que, estatisticamente, quem mais assisti a dramas românticos são as mulheres. E, talvez por isso, a produtora- e também atriz- Nadia de Santiago tenha optado por explorar essa primeira temporada com a visão feminina.
Nota: ainda não temos informações se existirá uma segunda temporada
O fundo do poço, por incrível que pareça, pode ser a nossa salvação. Existem momentos de nossa vida em que só seremos capazes de nos levantarmos quando aceitarmos que um ciclo realmente chegou ao fim. E, ao contrário de algo trágico, isso pode ser libertador. E a série também trabalha esse aspecto.
O Aléx Perri, do Observatório do Cinema, “cantou essa bola” e acho que ele acertou em cheio. Se, na primeira temporada, nós vimos os episódios pela perspectiva da Lina, em uma possível segunda temporada, talvez tenhamos acesso ao que Lino passou e como compreendeu toda a relação. Seria lindo, não seria?
Fico na torcida!
***
Com informações de:
Cineclick, texto de Thamires Viana
Observatório do Cinema, texto de Aléx Perri
e Adoro Cinema
Todas as imagens: reprodução/divulgção Netflix
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