Por Cida Griza
Ter uma pessoa da terceira idade em casa é uma situação complexa para qualquer família e exige certos cuidados extra, principalmente se os idosos já têm algum grau de dependência. Por outro lado, vê-los imóveis, sentindo-se inúteis e infelizes, sentados o dia inteiro vendo TV, nos traz sentimentos de culpa. Some-se a isso o fato de que em se tratando de pais ou avós, aumenta a complexidade, uma vez que nestes casos, misturam-se sentimentos contraditórios. “Ele é meu pai e devo respeitá-
lo, porém ele passa dos limites e exige coisas que me tiram do sério!” Diria alguém que precisa repreender um pai idoso numa determinada situação.
O que podemos fazer para dar mais sentido e qualidade de vida ao dia a dia deles?
Realmente cuidar de idosos no dia a dia é uma tarefa desafiadora. Mas com paciência e alguns cuidados adicionais, pode se criar um relacionamento feliz e o resultado pode ser gratificante.
Idosos, de modo geral, detestam sentirem-se vigiados e controlados, mesmo não tendo, acham que têm condições de se manterem independentes e auto suficientes. Sabemos, no entanto, que há muitas situações em que precisam (embora rejeitem) de ajuda. Escutá-los pacientemente dando lhes a atenção que eles requisitam e conversando honestamente sobre as naturais limitações de tempo, habilidades e recursos que todos temos, pode-se conseguir criar um clima mais feliz para eles.
1. Defina claramente os espaços particulares e os comuns dentro da casa, levando em consideração as limitações físicas e mentais dos idosos. Não invada estes espaços pessoais sem permissão.
2. Aprenda a aceitar as decisões dos idosos. Pequenas ações como deixar cair um objeto no chão e não pegá-lo ou deixar acesas as luzes da cozinha ou do banheiro ou não fechar portas dos cômodos, podem não ser propositais ou por descuido. Eles podem não estar conseguindo apanhar coisas no chão ou podem ter deixado as luzes acesas por ter algum receio do escuro. Portanto, não conclua apressadamente que eles são relaxados ou propositalmente imprudentes. Antes, ofereça-se a fazer aquelas coisas por eles, e procure descobrir se foi uma decisão deles por causa de alguma necessidade não declarada, não aparente.
3. Faça uma avaliação do que pode e do que não pode ser melhorado em termos de saúde, limitações funcionais e mobilidade. Não faça um prejulgamento achando normais as limitações por causa da idade, sem antes consultar médicos e profissionais especializados da saúde. Não entre nessa de “é assim mesmo – nada pode ser feito”. Se você buscar profissionais e fizer uma pesquisa, vai encontrar disponíveis meios, métodos, suplementos alimentares e medicamentos que podem ajudar a manter a saúde e funções físicas e cognitivas em bom estado por muitos anos. Certamente, embora nenhuma destas “armas” reverta o processo de envelhecimento, a velocidade do declínio de muitas funções físicas e mentais, pode ser reduzida, prolongando sobremaneira período saudável, o período da Melhor idade.
4. Cuidado para não entrar no Ageísmo. O Ageismo (ageism) é o preconceito que atinge determinados grupos etários, e em especial os idosos. O termo cunhado em 1969 pelo psicólogo americano Robert Butler vem sendo utilizado para descrever certas atitudes adotadas por familiares, amigos, profissionais e até mesmo pelo Estado ao se relacionarem com os idosos.
5. Faça uma revisão periódica dos medicamentos em uso (com o consentimento deles). Relacione os medicamentos e os cuidados de interação entre drogas, assim com os instruções de posologia verificando eventuais restrições de horário, se podem ser ou não ser ingeridos com alimentos e etc.
6. Fique atento a mudanças de humor e de comportamento. Frequentemente, idosos não admitem e “escondem” que algo os incomoda, que estão em pânico, que não têm conseguido dormir direito ou estão tendo problemas ao comer. Todas estas manifestações são indícios de que se deve consultar um médico.
7. Mantenha a casa organizada, principalmente os locais em que eles tenham pouca mobilidade, se usam um andador ou cadeira de rodas ou outros aparelhos de apoio à movimentação ou ainda se a visão está ficando deficiente. Consulte um especialista para instalação de equipamentos de auxílio à mobilidade com segurança. Avalie também se o idoso tem capacidade de usar tais equipamentos. Isto inclui coisas como barras de segurança (apoio e corrimão) em corredores, nos banheiros, junto do vaso sanitário, assento/cadeira para banho de chuveiro e rampas de acesso. Para quem tem recursos, uma alternativa a rampas é um elevador para cadeira de rodas.
8. Controle a temperatura do ambiente. Idosos costumam ser mais sensíveis ao frio e, algumas vezes também ao calor. Veja se eles estão confortáveis.
9. Atenda a necessidades especiais em dietas, uso do sal e outros alimentos. Idosos frequentemente têm dietas restritivas, e como qualquer pessoa se sentem tentados a transgredir as recomendações alimentares. Açúcar e sal são os dois dos “vilões” mais presentes e que devem ter seu uso limitado nas refeições.
10. Dê a eles respeito e privacidade tanto quanto possível. Eles podem, porventura, precisar de ajuda na higiene pessoal para as necessidades fisiológicas; esta não é uma tarefa muito agradável para você, mas sempre é possível ajudá-los e ainda assim, tentar manter a máxima privacidade possível e o espaço pessoal.
11. Quando saírem à rua, instrua-os para se prevenirem contra golpistas e fraudadores que tiram vantagens de presas indefesas como os idosos. Isto deve incluir, entre outros, falsos vendedores e pessoas que se passam por pregadores religiosos, extorquindo dinheiro das pessoas.
12. Anote cuidadosamente e guarde dados importantes sobre eles. Isto deve incluir, entre outros, dados como número de telefones e endereços de amigos mais íntimos, informações médicas atualizadas para as emergências, registros bancários, documentos de seguro e outras informações que eles considerem importante (sob a ótica deles) e queiram guardar.
13. Se necessário, ajude-os nos cuidados básicos sobre sua aparência e vestuário. Muitas vezes idosos não conseguem cortas as unhas dos pés e das mãos, não conseguem se pentear, têm dificuldade de calçar sapatos, ou, de modo geral, descuidam da aparência, dos cabelos, da pele, usam roupas desencontradas. Ajudando-os a cuidar da aparência sem denotar que eles são incapazes de fazê-lo, podem elevar muito a auto estima deles.
A recompensa para a família é a alegria de vê-los sentirem-se bem e vivendo uma Terceira Idade com mais qualidade de vida.
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Fonte indicada: Terceira Idade Melhor
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