Por Josie Conti e Marcela Bianco
A população de todo mundo está envelhecendo ao mesmo tempo em que os núcleos familiares estão diminuindo, o que tem feito com que, dentro de casa, muitas vezes, as pessoas não possam mais acompanhar seus idosos e fornecer-lhes todo o amparo que necessitam para sua saúde e segurança. No Brasil ainda não temos uma cultura forte no uso de casas de repousos e moradias assistidas e, muitas vezes, as pessoas só vão para um espaço como esse quando estão totalmente dependentes ou sofrem de estados demenciais graves o que acaba reforçando um pensamento coletivo de que esses espaços são lugares de abandono e finitude.
Em paises como EUA e Canadá, entretanto, onde o envelhecimento da população já é um fator em evidência há mais tempo, a necessidade desses espaços possibilitou que núcleos onde as pessoas que estão mentalmente saudáveis e interativas fossem construídos. Nesses países, assim como nos países europeus essas moradias não posssuem uma conotação negativa. Mas morar um lugar assitido não diminui a necessidade da interação familiar e com outras gerações.
Em 2014 um projeto inovador colocou jovens de uma escola de inglês de São Paulo em contato com vovós e vovôs americanos que vivem em casas de repouso e estão cheios de vontade de conversar. Enquanto aprendiam, muito mais do que a prática e a assimação da língua aconteciam. O projeto possibilitava a formação de vínculos e de um novo contato intergeracional que enriquecia a vida de ambos os lados.
Recentemente outra ideia que circulou fortemente pela internet foi a introdução de uma pré-escola em um lar para idosos em Seattle, nos Estados Unidos, para que as pessoas tivessem maior interação com as crianças. Livres de preconceitos e cheias de amor para dar, o projeto se mostrou um sucesso na estimulação mútua e na troca de afetos assim como no ensinamento das crianças nos limites e no respeito com os idosos.
A novidade agora é documentário Conection Generations onde os idealizadores tiveram a genial ideia de chamar adolescentes que foram criados na geração internet para ensinar aos idosos como utilizar o computador e as redes sociais. Além de aprenderem mais uma ferramenta para se relacionarem com o mundo exterior e com os famíliares, eles produziram vídeos para o youtube e fizeram um concurso de vídeos entre eles.
As ações descritas acima deixam claro que existem vias possíveis para ampliar a interação entre gerações de uma maneira que as relações sejam enriquecidas e todos saiam ganhando. Da interação com crianças à aprendizagem do uso positivo da internet (informar e ampliar laços) vemos que, com um pouco de criatividade e boa vontade é possível fazer a diferença e diminuir cada vez mais as lacunas afetivas que podem existir quando as pessoas precisam sair de suas casas e morar em locais supervisionados.
Oferecer ao jovem um novo objetivo e papel dentro da sociedade também pode despertar o herói interior, numa fase da vida de tantas transformações e mudanças na identidade.
O vídeo abaixo é em inglês, mas as interações entre jovens e idosos, como poderão ver, são universais e compreensíveis mesmo para quem não domina o idioma.
O lema do projeto diz que “nunca se é velho demais para se fazer novas conexões ou jovem demais para se fazer a diferença”.
Como toda fase da vida, a velhice é um momento de adaptações, perdas e ganhos. A ideia de que não se adiantaria investir no aprendizado do idoso porque ele não seria capaz de fazer novas conexões cerebrais já caiu por terra há anos. O cérebro se desenvolve por toda a nossa vida e o uso da internet pode ser um recurso valioso para que os idosos se sintam integrados ao mundo atual e exercitem suas funções cognitivas.
Na vida de Da. Maria (nome fictício) foi exatamente isso que aconteceu:
“A internet foi um divisor de águas na minha vida. Ela é uma grande ajuda para o conhecimento, para o enriquecimento intelectual. Uma forma de saber mais de alguma coisa que a gente às vezes sabe pouco ou nada. É um instrumento de pesquisa muito valioso para os que desejam ficar atualizados. Posso conversar e trocar mensagens com meus filhos e netos. É divertido! ”
Usuária da internet – 79 anos
Assim, não precisa estar morando fora da família e nem ser jovem ou velho para se beneficiar dos recursos virtuais e interacionais entre gerações. Em qualquer lugar e a todo momento é possível ter um projeto de vida, acrescentar vida aos anos e viver bem!