Muitas pessoas buscam terapia por se sentirem deprimidas, ansiosas, esgotadas física e emocionalmente. Chegam aos consultórios com as mais diversas queixas, tais como: “acho que estou trabalhando demais”, “acho que estou envelhecendo”, “acho que estou doente”, “acho que…” Muitas passam longos tempos em tratamento até descobrir ou admitir que aquele estado emocional e psicológico a que chegaram é devido exclusivamente ao tipo de relação que estão vivendo.
O que você precisa saber é que, após algum tempo num relacionamento com uma pessoa perversa narcisista ou qualquer tipo de abusador, a pessoa pode apresentar comportamentos específicos. Se você não tem certeza sobre o porquê de estar tendo a sensação de que a vida perdeu o sentido, observe se alguns comportamentos, características e emoções aqui descritos estão presentes em você. Talvez você esteja numa relação tóxica com alguém bastante abusivo!
Se você é uma pessoa que sempre:
1. Se desculpa por “nunca fazer as coisas direito”, por nunca fazer as coisas “bem o suficiente” ou se culpa por todo mal-estar que se experimenta na relação e por “fazer” a pessoa perversa se sentir do jeito que se sente. Ela está sempre mal e insatisfeita e a culpa é sua.
2. Tenta manter um perfil modesto seja no modo que interage com as pessoas, seja como se veste, para evitar ser notado, pois o parceiro tóxico “não gosta” que você chame atenção ou passou a vestir-se e comportar-se como ele deseja.
3. Ou, ao contrário do item acima, se viu mudando seu modo de ser vestir para se adequar a exigências da pessoa perversa, ou, se você for mulher, sendo solicitada a se vestir de forma exageradamente sensual para ser exibida aos outros.
4. Inventa histórias bonitas para outras pessoas sobre a qualidade de seu relacionamento, de modo a esconder a verdadeira situação em que vive.
5. Sente ansiedade quando a pessoa com quem se relaciona está por perto, pois não sabe como se comportar para não suscitar fúria.
6. Sente ansiedade quando sabe que vai chegar a qualquer momento, pois não sabe em qual humor chegará, se lhe tratará bem ou mal, se não vai gostar de algo que você estiver fazendo no momento de sua chegada como por exemplo estar com amigos, ao telefone com alguém ou algo parecido.
7. Sente medo ou confusão sobre mudanças repentinas no comportamento da pessoa perversa, que vai de ataques de fúria e comportamentos frios a doçura e encenação de que não aconteceu nada segundos antes.
8. Se sente exausta por nunca saber o que esperar e o que vai acontecer logo em seguida, daqui a poucos minutos, poucas horas, poucos dias.
9. Tem a sensação de que tem que “pisar em ovos” para evitar causar conflito, reprovação, julgamento e raiva, evitando discussões ou qualquer tipo de conflito a todo custo, tentando sempre “se esforçar mais” para melhorar as coisas.
10. É frequentemente acusada de ser coisas que refletem na verdade atitudes, comportamentos e características da pessoa perversa. Ex. Mentirosa, egoísta, mal humorada, exploradora, etc.
11. Ao voltar para casa, espera encontrar uma personagem dócil, agradável, feliz e ao invés disso encontra alguém personagem perverso e diabólico, sem nunca saber o que causou a mudança, afinal, vocês conversaram a poucas horas e “estava tudo bem”.
12. Sente que nunca pode confiar completamente no parceiro perverso porque algo em suas palavras não refletem suas ações e porque muda constantemente o que antes foi acordado.
13. Tem uma sensação crônica de que a família e amigos do narcisista, que inicialmente gostava, não gosta mais e você não sabe explicar o porquê, mas desconfia que ele tenha dito coisas negativas e falsas a seu respeito.
14. Nunca se sente respeitada ou igual na relação. É obrigada a se submeter a regras que a outra pessoa não se vê no dever de respeitar, apenas as impõe, como se tivesse mais direitos do que você.
15. Está constantemente preocupada com o comportamento do outro, seu silêncio passivo-agressivo, sua cara fechada, o que faz com que você lhe pergunte inúmeras vezes em tom desesperado “se está tudo bem” ou o que “você fez de errado”.
16. Nunca sabe se é uma boa ideia atender o telefonema dos amigos ou familiares, pois ele já deixou claro que não os suporta, que “não são bons para você” e quando o faz, se sente observada e não vê a hora de terminar.
17. Sente que tem que pedir permissão ou anuência ainda que indireta para fazer qualquer coisa ou tem medo de fazer as coisas sem permissão, ou seja, nunca faz nada a não ser que seu parceiro diga que é OK fazer ou se a ideia não partir dele.
18. Se sente desmotivada em relação às realizações no trabalho, não tem permissão para conseguir um emprego para começar a se tornar financeiramente independente ou, se empregada, sentindo que sua independência financeira e crescimento profissional o incomoda em demasia.
19. Sente medo de dar a sua opinião e nunca ou quase nunca é capaz de ganhar qualquer argumento. Quando argumenta com coerência ouve coisas como: ” você é boa com as palavras”, “você quer ter sempre razão”, “não dá para falar com você”, entre outras.
20. Se pergunta o tempo se você merecia ser punida ou tratada do jeito que foi tratada pela pessoa perversa por algo que você fez ou deixou de fazer, mesmo você sendo uma pessoa presente, amorosa e cuidadosa com seus interesses.
21. Ajusta sua agenda ao redor da agenda da pessoa, ou melhor, você não tem uma agenda, ela tem e você a segue, sendo que você tem a obrigação de avisar qualquer mudança com antecedência, mas ela pode simplesmente exigir disponibilidade imediata, não cumprir combinados e não dar qualquer satisfação.
22. Está sempre sentindo um vazio crônico, como se algo estivesse constantemente faltando, ainda que materialmente se viva bem.
23. Ocasionalmente chega a ter pensamentos suicidas, pois a vida inteira parece não fazer qualquer sentido.
24. É humilhada pela pessoa perversa diante dos outros e na intimidade, mas ao reclamar, recebe a resposta de que “está exagerando”, que sua intenção não era humilhar, que estava somente “fazendo uma observação” ou “dizendo a verdade” ou simplesmente “brincando”.
25. Está constantemente temendo abandono, rejeição ou negativa de suporte do parceiro e por isso passa a fazer “o que for preciso” para mantê-lo por perto, aceitando o que sempre considerou inaceitável.
26. Faz coisas com as quais se sente desconfortável porque se sente pressionada a fazê-lo porque quer evitar conflito ou abandono.
27. Negocia seus valores, necessidades e crenças para acomodar aquelas da pessoa perversa.
28. Descobre que a pessoa freqüentemente mente, engana e/ou trai.
29. Deseja a chegada de “algum dia” quando as coisas vão mudar, mas este algum dia nunca chega.
30. Segue o conselho da pessoa perversa para tudo, embora seu instinto diga que não, a fim de buscar sua aprovação e apoio, o que, para seu desespero, não ocorre e quando sai algo errado, ainda leva a culpa por não ter feito “exatamente” o que lhe sugeriu.
31. Se sente como se estivesse vivendo uma mentira – o mundo exterior vê de uma maneira, enquanto a realidade interior é definitivamente algo totalmente diferente e sabe que quem criou esta ilusão foi você mesma ao defender ou inventar estórias sobre a boa qualidade do relacionamento e tratamento recebido.
32. É subserviente e tem um sentimento de que é menos, inferior ou mais frágil do que o seu parceiro, mas forte o suficiente para tolerar os abusos pelo bem da relação.
33. Raramente sente que suas necessidades estão sendo atendidas ou até mesmo reconhecidas.
34. Seus amigos e familiares dizem que está sofrendo abuso, mas você simplesmente não consegue enxergar.
35. Sente como se o parceiro fosse seu pai ou mãe, pois a um certo ponto você começa a se comportar de modo muito imaturo ou infantil, incapaz de pensar por conta própria ou sem a aprovação da pessoa.
36. Muitas vezes deseja que nunca tivesse entrado nessa confusão e agora não sabe como sair.
37. Tem a frequente sensação de estar anestesiada, deprimida ou doente. Aliás, idas a médicos e pronto-atendimentos ficam cada vez mais frequentes, seu peso oscila, seus cabelos e unhas enfraqueceram.
38. Já não sabe mais quem realmente é e para muitos passou a parecer ” uma pessoa maluca”.
39. Depois de romper com a pessoa perversa, tudo o que quer fazer é correr de volta para ele. Sente vergonha e vício, como se estivesse diante de uma droga.
40. Inventa repetidamente desculpas para perdoar comportamentos inaceitáveis de seu parceiro, que continua a repetir o comportamento várias vezes, atribuindo a culpa a você. Ex. Traições, agressões verbais, físicas, etc.
41. Frequentemente se pergunta como chegou a esta situação de descontrole e dependência de alguém que nitidamente lhe faz mal e parece não encontrar força ou saída para fora daquele estado de coisas.
42. Passa a sentir que ninguém mais poderia amá-la e portanto deve “investir” mais na pessoa perversa, na esperança que volte a ser tudo como no início do relacionamento, quando se sentia muito amada.
43. Acredita que não pode deixar a pessoa perversa porque ninguém mais a compreenderia ou poderia ajudá-la como você pode.
44. Diz a todos que não deixa da pessoa perversa porque, “na verdade, sente pena dela”, como se fosse responsável por “curá-la” desse comportamento que os impede de serem felizes.
45. Se sente responsável por fazer funcionar a relação, fazendo todo o “trabalho duro” sozinha e assumindo a culpa por tudo o que dá errado.
Se você se identificou com vários itens acima, a ordem do dia para você é: ROMPA IMEDIATAMENTE ainda que a dor de fazê-lo seja TEMPORARIAMENTE insuportável. E esteja certa/o de uma coisa: ninguém que se sente dessa forma pode estar numa relação saudável. Quanto mais tempo você permanecer em negação dessa realidade, mais difícil será se recuperar dos danos deixados por uma relação altamente destrutiva.
Lucy Rocha
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