Com que frequência nós vemos uma pessoa nua e, ao mesmo tempo, nos sentirmos realmente confortáveis?
Em colégios com vestiários ou mesmo em academias, embora não em todos os casos, é frequente que as pessoas se troquem mantendo alguma peça de roupa para que o corpo sempre permaneça parcialmente coberto.
Esse costumava ser o meu caso.
Entretanto isso mudou quando, durante uma viagem de inverno à Áustria, eu e um amigo fomos parar em um spa: um retido nudista nos Alpes!
Esse foi o momento em que comecei a realmente pensar em meu corpo.
Apesar da proposta nudista, nós esperávamos encontrar toalhas brancas e macias, roupões ou algo do gênero. Mas não foi bem assim…Eu me encolhi morrendo de vergonha e pensando onde eu estava com a cabeça quando fui para aquele lugar. Minha mente perdia-se em pensamentos de censura enquanto observava aquele mar de corpos nus.
Tenho estrias no meu quadril que são resultado de uma gravidez. Meu seio esquerdo é um pouco maior do que meu seio direito.
Quando foi a última vez que eu raspei as minhas pernas?
Oh meu Deus, os seios daquela mulher são maiores que os meus.
Será que o meu bumbum é parecido com esse?
Deus não! Pelo menos eu me exercito. Bem, eu acho que estou mais magra do que ela é.
E assim por diante…
Meu amigo suspirou, olhou para mim e disse: “Eu acho que é considerado rude se não tirarmos nossas roupas.” Rude ?! Então eu recusei, mas depois de nossa primeira sauna, comecei a entender a lógica por trás de “não usar roupas”, respirei fundo e tirei meu top.
Meus peitos … … Lá estavam eles! Eu percebi que era mais fácil tirar a blusa na frente de um namorado do que em público.
Então, ao invés de pensar na nudez, eu resolvi pensar em quais eram os motivos que me faziam sentir tanta vergonha. Resolvi refletir sobre por que o meu primeiro impulso foi comparar meu corpo com o de outras pessoas e por que eu estava catalogando cada centímetro de celulite que eu via. Pensei em por que, afinal, eu esta tão obcecada com a minha própria aparência e por que eu a achava tão ruim.
Aqui estão as cinco razões libertadores que encontrei.
Mesmo que eu me sinta bem com o meu corpo na maioria do tempo, eu ainda me sinto uma imensa pressão para parecer “perfeita”. Desde muito cedo me ensinaram que eu sempre deveria ser atraente socialmente – como flertar, como usar saltos altos, como me sentar com saias curtas, como acertar as sobrancelhas, fazer a maquiagem, etc. Isso, é claro, além de todas as roupas e acessórios.
A “Imperfeição” significa que existe um objeto perfeito, mas isso não é verdadeiro pois cada corpo é diferente.
Quando olhei ao redor naquele dia não era o meu corpo que me separava de todos os outros, era a minha atitude.
Na Europa, principalmente na Alemanha– é perfeitamente normal tirar o maiô e dar para um mergulho sem roupa. Frequentar uma sauna é um passatempo amado e é geralmente entendido que todo mundo vai estar nu.
No estúdio de ioga onde eu ensino descobri que ver outros corpos nus pode nos fazer sentir mais confortáveis em nossa própria pele, basta que estejemos dispostos a lidar com o desconforto e medo que podem ocasionalmente aparecer.
Eu percebi que estava com medo de enfrentar meu próprio julgamento. Em vez de praticar a autocompaixão, a sociedade nos ensinou a julgar e a criticar. Em vez de amar e cuidar de nós mesmos e dos outros, passamos grande parte de nosso precioso tempo buscando defeitos nos outros para “artificialmente” nos sentirmos mais perfeitos.
A primeira vez que eu estava como professora em uma aula de yoga eu sabia que os alunos não estavam vendo exatamente o que viam nas revistas assim como eles mesmos não se viam como tal. Mas, nem por isso, aquela aula era um espetáculo menos bonito de se ver.
Quando você se compara a outras pessoas isso é uma forma de auto-mutilação. Nós temos que cuidar do nosso corpo físico e emocional, e, às vezes é igualmente importante – se não mais importante – ter uma rotina de exercícios emocionais para nos fortalecemos como pessoas. A meditação é altamente eficaz para isso.
Eu nunca fui uma garota feminina – esse é meu jeito. Às vezes eu uso batom (mas não na maioria do tempo). Hoje eu entendo e aceito que isso pode ser normal. Me super produzir, por exemplo, é uma coisa que me não me agrada.
Ficar sem roupas foi algo que me ajudou a sentir mais confortável sendo apenas quem eu sou.
Como a neve dos picos alpinos, meu corpo também um dia derreterá. Meu bumbum ficará flácido e minha pele enrugará.
Se a pratica do yoga me ensinou uma coisa, é que eu não sou apenas um corpo. Eu também não sou apenas o que passa em minha mente.
Tudo neste mundo é material e está sujeito a mudanças constantes.
Mesmo enquanto estou sentada nesse momento escrevendo este texto, meu corpo está mudando.
De alguma forma, tirar a roupa naquela montanha, fez com que eu me sentisse mais em paz e harmonia comigo e com a natureza que me rodeia.
Por Samantha Rose, via Mind Body Green
Traduzido e adaptado por Josie Conti
Do original: 5 Reasons To Get Naked More Often
Photo Credit: Stocksy
Nota da CONTI outra: a reprodução dessa tradução não é permitida sem autorização prévia.
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