Faz uns meses que arranjei morada numa casinha em cima da montanha, área rural de uma cidadezinha do interior. Cheguei em busca de um canto, querendo abandonar as bagagens pesadas da alma e descansar o coração e a mente do ritmo tão artificial das grandes cidades.
Não é uma aposentadoria precoce, é vontade de ver a vida por outros ângulos, sentir o tempo em outro ritmo e interagir de uma forma nova (ou antiga) com a realidade.
Então, neste texto quero contar um pouco alguns aprendizados ou desaprendizados que tive nessa minha curta vida de roça.
Lá vão eles:
Eu nunca fui do tipo super consumista, mas a vida aqui na roça me faz comprar ainda menos coisas do que antes. Não preciso de muitos cremes, shampoos, maquiagem, compro apenas o necessário e uso até o fim da embalagem. Produtos de beleza também são frutas colhidas no quintal, água de mina e argila natural. Remédio para gripe é chá de erva cidreira com gengibre e temperos para o almoço ficam nos canteiros. A felicidade brota nas árvores e não nos produtos em promoção. E aí no fim do mês até sobra tempo e, quem sabe, dinheiro.
Essa é uma questão que daria um texto inteiro sozinha, e eu nem vou aprofundar muito, amo, uso e valorizo tecnologia. Mas aqui na roça percebi que nada substitui uma boa conversa ao vivo e em cores com alguns amigos, um cafezinho passado na hora, um bolo de fubá quentinho. Uma prosa boa no fim do dia. E como são terapêuticos e bonitos os trabalhos manuais, uma semente que você planta e vê crescer, uma mesa rústica feita com madeira descartada, uma cortina de retalhos para a sala. As mãos tocando outras superfícies além do teclado do computador.
Aqui na roça percebi como é bom trocar um livro de poesia por um pão caseiro. Dar uma muda de manjericão em troca de queijo fresco. Tomar conta do gato do vizinho em troca de amizade mesmo. Trocar um saco de laranja que quase se perdiam de maduras por um pote de goiabada cascão.
Esse tema também daria um artigo científico, mas viver no mato também nos abre para isso. Observar os bichos e perceber a sabedoria de seus universos. Ver os gatos brincando, caçando, lidando de um jeito natural com a morte. Ver os pássaros chegando e partindo, cada qual em seu pé de fruta preferido. Ver as formigas carregando pedaço de grama e insetos. Ver as aranhas fechando seus ciclos. Ver um sapo calmo, estirado no sol depois de tantos dias de chuva.
Gosto aqui no mato das belezas a olho nu, do por do sol da varanda, da amplitude que o olhar alcança, fazendo meu coração achar que a vida ainda vale muito a pena. Gosto dos diferentes tons de verde, e dos formatos das folhas, gosto do silêncio, e da orquestra dos grilos, gosto dos manacás florindo e dos voos livres das borboletas. Gosto de assistir as pequenas histórias que acontecem em cada olhar. Gosto de ver a vida passar.
E a lista poderia seguir, mas hoje eu paro por aqui e fico desejando que onde quer que a gente esteja que nossos corações sejam orgânicos e nossas interações humanas.
Até a próxima!
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