“A maneira como as outras pessoas fazem você se sentir, é sempre um reflexo de como o mundo as faz sentir.”
– Psicólogo anônimo
O grupo de pesquisa da Mayo Clinic define transtorno de personalidade narcisista como “um transtorno mental em que as pessoas têm um senso inflado de sua própria importância e uma profunda necessidade de admiração. Aqueles com transtorno de personalidade narcisista acreditam que são superiores aos outros e têm pouca consideração pelos sentimentos de outras pessoas. Mas por trás dessa máscara de ultraconfiança repousa uma frágil autoestima, vulnerável à menor crítica”.
O narcisismo é frequentemente interpretado na cultura popular como uma pessoa que está apaixonada por si mesma. É mais preciso caracterizar o narcisista patológico como alguém que está apaixonado por uma autoimagem idealizada, que ele projeta a fim de evitar sentir (e ser visto como) o eu real, desprovido de direitos e ferido. No fundo, a maioria dos narcisistas patológicos se sente como o “patinho feio”, mesmo que eles dolorosamente não queiram admitir.
Quais são algumas das maneiras pelas quais os narcisistas compensam seu complexo de inferioridade? Abaixo estão cinco indicadores, com referências de meus livros, How to Successfully Handle Narcissists e A Practical Guide for Narcissists to Change Towards the Higher Self.
Embora algumas pessoas possam se envolver nesses comportamentos ocasionalmente, um narcisista patológico habitualmente se encontra em um ou mais dos seguintes traços regularmente, embora permaneça em grande parte inconsciente (ou despreocupado) de como seu comportamento afeta negativamente os outros.
1. Sentido superinflado de si mesmo
“Não é fácil ser superior a todos que eu conheço!”
– Anônimo
“Meu noivo e eu dirigimos um Mercedes. O padrinho no nosso casamento também dirige um Mercedes!”
– Anônimo
Muitos narcisistas gostam de se vangloriar em termos grandiosos e exagerados, seja sua atração física, posses materiais (troféu), popularidade social, estilo de vida empolgante, distintivos de mérito conquistados, associações de status elevado ou outros atributos dignos de inveja. Enquanto não há nada inerentemente errado em descrever a si mesmo em termos positivos, o narcisista patológico o faz das seguintes maneiras doentias:
A. As declarações elogiosas de si mesmo são frequentemente exageradas.
B. As declarações elogiosas de si mesmo são frequentemente pronunciadas, direta ou indiretamente, às custas dos outros (“eu sou melhor que você”, “você não tem o que eu tenho”, “eles não são nada comparados a mim”.) O ego frágil do narcisista é impulsionado não pela afirmação positiva de si mesmo, mas por colocar os outros para baixo.
C. As declarações de admiração de si mesmo destinam-se a você, para admirá-las e adulá-las. Em essência, eles querem que você os cultue, para que se sintam “especiais”, “excepcionais” e “importantes”.
É com essa “máscara” externa superficial e compensatória que o narcisista constrói sua identidade falsa, submergindo um eu inseguro e ferido.
2. Reage mal à crítica
“Como ela se atreve a me dizer que estou errado – ela não é ninguém!”
– Anônimo
Uma maneira fácil de identificar o ego frágil de um narcisista é observar o modo como ele ou ela reage à crítica, mesmo quando esses comentários são oferecidos de maneira diplomática, razoável e construtiva. A maioria dos adultos maduros é capaz de levar a sério as críticas, avaliar sua validade e usar o feedback útil como uma valiosa ferramenta de aprendizado. Os narcisistas crônicos, no entanto, tendem a ficar extremamente ofendidos e ultrassensíveis até mesmo a pequenas críticas, especialmente àquelas que têm mérito, pois temem que a verdade “exponha” o quão falsas e vazias elas realmente são (danos narcísicos).
3. Ciúme dos outros. Possessivo de atenção
“Como ela foi escolhida? Ela deve ter trapaceado!”
– Anônimo
O ciúme pode ser definido como sentir inveja por não ter o que outra pessoa tem. Enquanto algumas pessoas experimentam inveja de vez em quando, muitos narcisistas crônicos sentem-se invejosos e ressentidos com a felicidade e o sucesso dos outros regularmente, e patologicamente fazem comentários depreciativos para se sentirem melhor.
Muitos narcisistas patológicos também são consumidores de atenção em sua vida pessoal e/ou profissional. Eles querem que você se concentre constantemente neles e cuide deles, pois sem sua atenção e satisfação, eles se sentem insignificantes.
4. Manipular para conseguir o que quer
“Há aqueles cuja principal habilidade é manipular. É a segunda pele deles e, sem essa manipulação, eles simplesmente não sabem como agir”.
― C. JoyBell C.
Exemplos de manipulação narcisista incluem, e não estão limitados a:
A. Manipulação Negativa – Com a intenção de obter vantagem, fazendo com que a vítima se sinta inferior, inadequada e insegura.
B. Manipulação Positiva – Com a intenção de subornar a vítima emocionalmente para obter favores, concessões, sacrifícios e/ou compromissos.
C. Decepção e Intriga – Com a intenção de distorcer a percepção da vítima para facilitar a exploração.
D. Desamparo Estratégico – Com a intenção de aproveitar a boa vontade da vítima, a consciência culpada.
E. Hostilidade e Abuso – Com a intenção de dominar e controlar a vítima através de agressão manifesta.
A verdade sobre a manipulação narcísica é que, no fundo, muitos narcisistas não acreditam que têm o que precisam para conseguir o que querem de uma maneira saudável e razoável. Para compensar a inadequação, eles recorrem a falsas personas e maquinações enganosas, para obter uma medida do que desejam.
5. Incapaz de encarar o verdadeiro eu. Incapaz de vê-lo como uma pessoa real
O resumo de estar em um relacionamento com um narcisista patológico é que seus pensamentos, emoções e prioridades são constantemente invalidados. Você existe apenas para servir aos caprichos e prazeres do narcisista. O outro lado dessa dinâmica é que, ao criar e facilitar tais relacionamentos, o narcisista se recusa a reconhecer a dura verdade: que ele ou ela é incapaz de um relacionamento genuinamente amoroso e respeitoso.
Muitos narcisistas crônicos têm muito pouco a oferecer e dolorosamente nunca admitirão isso, pois é melhor ser o “falso eu” do que o eu real e desprovido de direitos.
Um narcisista pode mudar para melhor? Talvez. Mas somente se ele ou ela for altamente consciente e estiver disposto a passar pelo corajoso processo de autodescoberta. Para os narcisistas que não estão dispostos a jogar a farsa às custas de relacionamentos genuínos e credibilidade, existem maneiras de se libertar da falsidade e progressivamente avançar em direção ao seu Eu Superior. Para aqueles que vivem ou trabalham com narcisistas, a consciência perceptiva e a comunicação assertiva são essenciais para o estabelecimento de relacionamentos saudáveis e mutuamente respeitosos.
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Artigo traduzido pela CONTI outra. Do original em inglês 5 Ways Narcissists Compensate for Their Inferiority, de autoria de Preston Ni M.S.B.A.
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Referências
Ni, Preston. How to Successfully Handle Narcissists. PNCC. (2014)
Ni, Preston. A Practical Guide for Narcissists to Change Towards the Higher Self. PNCC. (2015)
Bursten, Ben. The Manipulative Personality. Archives of General Psychiatry, Vol 26 No 4. (1972)