Há poucos dias o catálogo da Netflix nos presenteou com “Queen Loretta”, uma minissérie dramática polonesa criada por Árni Ólafur Ásgeirsson, e que, em quatro episódios de uma hora, é capaz de nos proporcionar risos, reflexões e emoção sem deixar de ser leve e divertida.
Nela, somos convidados a adentrar a vida de Sylwester, um conceituado alfaiate que mora há muitos anos em Paris, mas que na verdade é polonês. No momento em que ele faz planos para a sua aposentadoria ele também recebe notícias de uma emergência médica familiar: sua filha precisa de um transplante e ele pode ser compatível. Isso o motiva a retornar à Polônia e se encontrar com a neta Iza, que ainda não conhece, e a filha Wioletta, com quem não tem contato desde que foi embora para França e que nutre muito ressentimento pelo pai. A partir daí a série surpreende e vem deixando uma boa impressão em quem a assiste.
Os contrapontos que aparecem no enredo, além de didáticos, são deliciosos de se observar. Eles aparecem repetidamente nos dois trabalhos de Sylwester, em suas formas de se vestir, nas diferenças culturais presentes entre a cidade de Paris e a cidade polonesa de onde Sylwester veio, em sua figura de profissional recatado e discreto, artista, morador cosmopolita, avô, pai.
Algumas produções recentes que apareceram na Netflix possuem forte apelo emocional, porém, erram a mão nesse quesito e tornam-se apelativas. Quem Loretta, entretanto, possui uma narrativa equilibrada que mescla momentos doces de emoção e cumplicidade entre os personagens com contrapontos mais introspectivos, tudo sem perder a leveza ou tornar-se estereotipada. Quando você menos espera, você assiste ao episódio enquanto sustenta um sorriso leve nos lábios.
A estética aparece nas roupas, nos belos enquadramentos de câmera, na boa escolha de cores, no deslumbrante mundo e cultura das boates e do glamour dos shows com drags. Há um refinamento em toda apresentação inicial, que, inclusive, contrasta com o desdobramento da história até encontrar um equilíbrio.
Aqui apresento as palavras de Marcello Oliveira:
“Outro ponto que faz “Queen Loretta” ser digna de sua atenção é a atuação impecável do ator polonês Andrzej Seweryn. Após ter arrancado lágrimas em suas participações nos filmes “A Lista de Schinder” (1993) e “A Última Família” (2016), o astro se entrega a um personagem cativante e complexo – e a facilidade em que ele transita entre a personalidade de avô amoroso e drag queen é o que sustenta sua boa atuação e o sucesso repentino da série.”
As aparições de Kova Réa, que interpreta uma grande amiga de Sylwester, e incorpora a personagem Corentin, também são belíssimas em seu figurino e shows repletos de caras e bocas.
Muitas vezes, para viver da forma sonhada, muitas pessoas precisam romper com parte de seus laços e própria história pessoal. Essa cisão, entretanto, fica guardada e nunca deixa de existir. A história de Sylwester, nos permite presenciar um processo de redenção e reencontro consigo mesmo, uma possibilidade de integração de personalidades que antes pareciam impossíveis de conviver. E, esse processo, é simplesmente lindo.
Imagens: divulgação Netflix
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