O premiadíssimo “O quarto de Jack” (Room) dirigido por Lenny Abrahamson e baseado no livro “O quarto” da irlandesa Emma Donoghue, é um dos filmes mais delicados que está disponível no momento na Netflix.
Para celebrar essa entrada, a CONTI outra resgatou uma lista do blog Cinéfila de Plantão, onde sua autora Beatriz Campos Freitas, em março 2016, trouxe a análise mais sensível que achei na internet sobre o filme.
Abaixo, seguem os tópicos ressaltados pela autora:
1. A dupla Brie Larson e Jacob Tremblay: A conexão deles foi tanta que por um momento eu achei que eles fossem mãe e filho na vida real, teve química. Além da química, as atuações foram ótimas! Confesso que a atuação de Brie Larson me surpreendeu, nunca tinha visto ela se destacar de verdade e pela primeira vez vi aquela mulher dar o melhor de si e claro que Jacob não fica atrás, é um pequeno com uma grande atuação. (Lembrando que Brie Larson ganhou o Oscar de melhor atriz pelo filme)
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2. O mito da caverna: Lendo em outro site de cinema, o autor do texto disse que a alegoria da caverna era presente no filme e sim, ela está lá bem bonita. Tudo o que Jack conhecia era aquele quarto e quando sua mãe tenta contar o que existe lá fora ele não acredita, assim como no mito da caverna quando o homem que conhece o lado de fora da caverna volta para contar aos outros e eles não acreditam. Acho esse um motivo forte para assistir, pois a cena em que a mãe de Jack diz que existe muito mais além daquele quarto é uma das melhores, é uma cena onde você vê o máximo da atuação de Jacob Tremblay. Quando assisti, essa foi a cena que me deixou mais emocionada e como eu sempre crio uma ligação muito forte com os personagens dos filmes, me senti como Jack, confusa por saber que existia bem mais do que aquele pequeno espaço.
3. Claustrofobia: Nas cenas em que o quarto fica em silêncio você consegue sentir o aperto, consegue sentir o quão apertados eles estão, não somente no espaço físico, mas também dentro de si mesmos. O armário onde Jack dorme reforça esse sentimento de claustrofobia, sentimento este que é aliviado com a fuga do quarto.
4. O mundo real: O desenrolar da história após a fuga do quarto é um pouco fraco, mas alguns fatos fazem com que o mundo real seja um motivo para você assistir. O primeiro deles é a profunda depressão de Joy e a dificuldade de adaptação que ela encontra quando volta, além das mudanças na sua família, seu pai não consegue aceitar Jack, essa situação traz uma cena forte que é quando Jack acha sua mãe no chão do banheiro após uma tentativa de suicídio. Segundo: A evolução do personagem Jack, após a fuga do quarto. Ele era mais fechado, tinha medo do mundo, mas aos poucos vai se adaptando, começa a se comunicar melhor, faz um amigo e se mostra forte quando decide cortar seu cabelo e mandar para sua mãe com a justificativa de que “Ela precisa de força mais do que eu”.
5. A Mensagem, ou melhor, as mensagens: Uma das principais mensagens é que ter alguém que te ama por perto faz todos os problemas parecerem menores, Joy fez tudo parecer menos complicado para Jack, ela criou um mundo para ele, um mundo em que ela o protege de tudo. A outra mensagem é: Esse é um problema real, meninas são sequestradas e colocadas em cativeiros mais do que se imagina, não devemos fechar os olhos para isso e todos devemos fazer nossa parte para que quando elas finalmente ficarem livres consigam se adaptar. (Isso sou eu dando indireta para a mídia, que fica colada que nem chiclete nas vítimas e acabam dificultando ainda mais o processo todo).
Como viram acima, a Beatriz arrasou na sensibilidade com que descreveu os tópicos. Daqui da CONTI outra reforçamos, do ponto de vista psicológico, o quanto a mãe estava doente e sofreu com a readaptação à sociedade- a ponto tentar suicídio. Se, durante o cativeiro ela saia de si e tinha os momentos de apagão, quando ela saiu do cativeiro e seu filho estava seguro, parece que ela pode finalmente ruir totalmente. Essas cenas e o profundo amor que a mãe tem pelo filho são bons exemplos do quanto o adoecimento psicológico, em determinados momentos, é capaz de desvia o olhar do global (liberdade e amor) e focá-lo na dor e no desespero.
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