Sempre que estamos frente a frente com outras pessoas emitimos e recebemos sinais. Alguns são conscientes e outros são inconscientes.
No geral, interpretamos tudo ao nosso redor baseados no nosso repertório histórico e cultural prévio. Sendo assim, podemos, sem perceber, reproduzir preconceitos ou mesmo conceitos que nem sabemos de onde vieram.
Abaixo, você encontra 6 características ligadas a voz que foram originalmente publicadas na Hype.science , mas que reproduzimos aqui para dar exemplos de como a maneira como as pessoas falam pode afetar a sua vida social.
Aquela voz rouca empregada propositadamente, especialmente por jovens atrizes e atores, pode ser julgada negativamente. Um estudo conduzido pela Universidade Duke (EUA) mostra que a pessoa que usa esse tipo de voz passa uma ideia de ser menos competente, menos confiável e com menos chances de ser contratada.
Esse tipo de voz é mais frequente em mulheres, pois também é associada à sensualidade. Apesar de homens também a utilizarem, o preconceito em relação às mulheres que têm este costume é maior, segundo o estudo. Tanto homens quanto mulheres foram avaliados negativamente, mas as mulheres foram ainda mais criticadas.
Já o oposto dessa voz, aquela aguda que termina como se fosse uma pergunta, também é criticada. As pessoas acreditam que terminar todas as frases com um ponto de interrogação passa a ideia de que a pessoa não é confiante e não tem tanta certeza do que está falando.
O sotaque classificado como mais romântico do mundo é o francês. Isso acontece porque o sotaque é associado ao país e à cultura. Quando você ouve um francês falando, é provável que já pense na Torre Eiffel e nas mesinhas de cafés na calçada. Mas claro que para os próprios franceses a língua deles não traz essa conexão. Para eles, o sotaque mais romântico é o italiano.
Já sotaques associados a países em desenvolvimento costumam não ser atraentes. Para os americanos, por exemplo, sotaques de países da Ásia são tudo, menos românticos.
O mesmo pode acontecer em uma escala menor, dentro de um país. Regiões que têm mais status podem ter seus sotaques mais valorizados do que regiões com menos status.
Outra curiosidade relacionada ao sotaque: uma pesquisa da Universidade de Chicago (EUA) mostra que ouvintes têm mais chances de não acreditar em pessoas que têm sotaque.
Nossos ouvidos adoram uma voz grossa que transmite calma e segurança. Por isso os radialistas e narradores de trailers de filmes costumam ser homens com vozes super grossas. Já uma voz muito fininha se encaixa melhor em um desenho animado infantil.
Um estudo revelou que a preferência geral por uma voz grossa se aplica até às mulheres.
No experimento, voluntários escutaram 20 “candidatos” à uma vaga de liderança – 10 homens e 10 mulheres. Todas as vozes foram manipuladas para parecerem mais finas ou mais grossas. Tanto os homens quando as mulheres escolheram as candidatas femininas com voz grossa.
Um estudo feito com alunos da Universidade do Norte do Arizona (EUA) mostrou que nosso cérebro cria sotaques para quem nem os tem. Nesse teste, os estudantes ouviram gravações de áudio de professores com nomes falsos. Alguns receberam sobrenomes chineses e outros americanos. Apesar de todos os áudios terem sido gravados por americanos, os alunos relataram que era mais difícil entender o primeiro grupo. Pesquisadores chamam este fenômeno de estereótipo linguístico.
Além de influenciar a imagem da pessoa, o sotaque pode também mudar o sentido do que ela diz. Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia estudaram a reação de pessoas a situações envolvendo diferentes sotaques.
A imagem de um cardume foi apresentada aos voluntários e eles tinham que responder se o peixe da frente estava liderando o grupo ou sendo perseguido. Americanos descendentes de chineses, quando ouviram a pergunta com um sotaque em chinês, disseram que o peixe estava sendo perseguido. Mas quando a voz tinha sotaque americano, elas disseram que o peixe era o líder.
Vários estudos falharam ao tentar identificar homossexuais apenas pelo jeito de falar.
Linguistas tentaram identificar se homens gays realmente têm alguma característica na fala como puxar o “s” ou falar cantando. A conclusão da pesquisa é que o que as pessoas acreditam que é uma “voz gay” na verdade é apenas um pouco mais feminina. Estudiosos dizem que a nossa voz é influenciada por fatores do ambiente em que crescemos, e não pela nossa sexualidade. Se alguém foi criado apenas com mulheres, pode ter mais chance de ter uma voz mais feminina, independente da orientação sexual.
Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock
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