6 hábitos que limitam nossa capacidade de raciocínio

Nosso cérebro é como um processador de computador: sua memória é limitada, tem uma capacidade esgotável de armazenamento e recursos específicos que podem ser utilizados em um determinado período de tempo.

O mar de distração que nos rodeia impede que nos concentremos plenamente em uma só atividade pelo tempo devido, já que qualquer tarefa concorrente ocupa mais espaço em nossa capacidade de concentração, foco, resolução de problemas e para ser criativos. Como consequência desse déficit nas habilidades cognitivas, o funcionamento do raciocínio é consideravelmente comprometido.

Embora existam incontáveis atividades secundárias que entram em competição com aquelas que realmente exigem nosso tempo prático e prioridade, grande parte dessas tarefas são frívolas, ou seja, não têm um impacto significativo sobre nosso potencial de agir e pensar. No entanto, elas interferem no nosso pensamento, simplesmente o retardando quando precisamos de velocidade na tomada de decisões.

A maioria de nós pode fazer uma lição de casa, um trabalho de faculdade ou executar determinados projetos ouvindo música, comendo ou conversando paralelamente com outras pessoas, por exemplo. Mas alguns hábitos psicológicos consomem enormes quantidades de recursos intelectuais que diminuem a eficácia de nosso raciocínio.

Poucas pessoas estão cientes de que esses hábitos podem ser prejudiciais, ou nem se importam com isso, porque eles não são suscetíveis de interromper o que estão fazendo ou fazem. Mas esses hábitos incutem um efeito adutivo e, de certa forma, alienante, e podem sim atrapalhar a realização de tarefas simples ou complexas. Alguns desses hábitos são:

1. Ruminação

O hábito de repetir eventos ou pensamentos perturbadores, frustrantes e angustiantes pode estimular a consecução de emoções negativas, e potencializar atitudes autodestrutivas. O ciclo vicioso provocado pela ruminação prende nossa psique em uma armadilha perigosa. Essas desordens psicológicas consecutivas afetam severamente os recursos intelectuais, bem como nossa saúde mental e física.

2. Culpa

A culpa tem sua origem eventual em questões mal resolvidas do passado. Mágoa e ressentimento acumulados são como o câncer: crescem a cada dia e podem nos destruir física e emocionalmente. É claro que todos nós nos sentimos culpados de tempos em tempos e, quando o fazemos, pedimos desculpas ou agimos para resolver uma situação e sanar esse tipo de sentimento. Porém, a culpa não abordada que retorna periodicamente cria uma distração cognitiva prejudicial ao nosso raciocínio, já que a sensação de estar culpado aprisiona a mente ao invés de libertá-la.

3. Reclamação

Todos nós precisamos botar para fora frustrações e discordâncias em relação ao mundo e sobre o que acontece em nosso entorno, e fazemos isso na forma de reclamações. Mas muitas delas são ineficazes praticamente, e não levam a nada além de um alívio emocional periódico. É comum externarmos nossas histórias tristes com a intenção de liberar raiva, mágoa, ódio e ressentimento, mas é incomum que façamos esses relatos de forma a encarar os fatos sob uma perspectiva não pessoal, que talvez elucidasse o problema. Raiva e frustração exigem muita energia mental, desgastam, e isso acaba drenando nossa capacidade intelectual, no fim das contas.

4. Rejeição e autocrítica

A rejeição cria um impacto emocional tamanho que essa tribulação afeta diretamente nosso humor. Lidar com a rejeição, no sentido de entender que ela é factual, corriqueira, é uma vantagem estratégica sobre a frustração ou tristeza. Às vezes, a rejeição pode acarretar em autocrítica demasiada, tão ou mais severa que a própria rejeição. Julgamentos precipitados e falsas atribuições são comuns ao enfrentar uma rejeição, principalmente quando ela vem das pessoas que creditamos as maiores expectativas. Querer eliminar a injustiça no mundo ou suplicar por reconhecimento de todas as pessoas que nos importamos toma muito tempo e esforço mental, o que faz nublar algumas habilidades cognitivas relacionadas ao potencial de raciocínio.

5. Pessimismo

Assim como remoer o passado (e não aprender com ele) nos impede de raciocinar de maneira íntegra, imaginar futuros catastróficos (hábito comum de pessimistas) é algo degradante para efeitos intelectuais práticos. Resgates mentais malsucedidos não salvam nosso presente, assim como predições negativas facilmente se tornam profecias autorrealizáveis. O poder de raciocínio se intensifica quando nossa concentração está livre de reminiscências vazias e profecias desastrosas.

6. Obsessão

A maioria das pessoas não considera uma preocupação como sendo prejudicial, pois associam-na a qualquer responsabilidade que se possa assumir. Entretanto, uma simples preocupação pode virar obsessão, e não é um exagero admitir que toda obsessão é corrosiva, de uma forma ou outra. Se estamos preocupados, priorizamos a preocupação em nossas mentes, e mais facilmente a controlamos. Mas se estamos sendo obsessivos, a obsessão é que nos controla. Esse é um problema grave e incapacitante, pois oblitera nosso senso de raciocínio e pensamento.

Eduardo Ruano

Escritor e revisor. Eu me considero uma pessoa racional, analítica, curiosa, imaginativa e ansiosa. Gosto de ler, ouvir música, assistir filmes e séries, beber e viajar com os amigos. Estudioso de filosofia, arte e psicologia. Odeio burocracias, formalismos e convenções. Amo pessoas excêntricas, autênticas e um pouco loucas, até certo ponto. Estou sempre buscando novas inspirações para transformar ideias em palavras.

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