6 tipos de homem, por Mário Prata

Tipos de homens

O MENTIROSO
É o que mente, claro. E claramente. O mentiroso é um pouco doente, vive da mentira. É caso para terapias. Normalmente tem algum problema de personalidade, de auto-afirmação. Mente para os outros e para ele mesmo.  Imagina-se outro. O bom mentiroso é aquele que acredita na própria mentira e a um determinado momento da sua vida não sabe mais o que é a verdade ou a mentira. Todo mundo, ao redor dele, sabe que ele é um mentiroso. Ele também. Mas não se emenda. Não há nenhum caso de mentiroso que deixou de ser mentiroso. Mentiroso não tem recaída. E isso não é uma mentira deslavada.

O PALHEIRO
Não confundir o palheiro com o mentiroso. O palheiro disserta sobre todos os assuntos. Geralmente assuntos não conhecidos na roda. O palheiro, geralmente, tem uma boa conversa e um bom vocabulário. O melhor palheiro é aquele em quem a gente chega a acreditar piamente por muito tempo. Tem palheiro que não foi descoberto que é palheiro até hoje. Os palheiros são muito mais inteligentes que os mentirosos. Poderíamos dizer que o palheiro é um mentiroso intelectualmente mais enganoso. Um mentiroso com PhD. Tenho um amigo (vamos chamá-lo de Zé) que é um palheiro conhecido na cidade. Um dia uma amiga comentou: se o Zé fosse viciado em drogas injetáveis, seria fácil achar uma agulha num palheiro.

O GRUPEIRO
Tudo que ele diz, a gente sabe que é grupo. Ao contrário do palheiro, que não tem nenhuma intenção a não ser a palha fina, o grupeiro é quase um estelionatário da mentira. Um bom grupo pode prejudicar pessoas e instituições. O grupeiro chega quase a ser um golpista. Todos nós, uma vez ou outra, já entramos no grupo de alguém. E o pior, é que, muitas vezes, sem perceber. Cair num grupo bem dado é péssimo, mas, às vezes, temos que tirar o chapéu para o bom grupeiro.

O CASCATEIRO
Intelectualmente menos brilhante que o palheiro, o cascateiro costuma cair sempre em contradições. O que ele mais ouve dos amigos é isso é cascata e ele nem sempre tem bons argumentos para se defender. Mas não se ofende, ao contrário do palheiro. O cascateiro nem sempre tem nível superior e gosta de contar suas cascatas em bares. Quando o cascateiro é público e notório, pode ser divertido provocá-lo para contar umas cascatas. Alguns deles sabem que tudo que dizem é cascata. Mas não se importam. Afinal, tudo é cascata mesmo. Pode observar que toda turma tem seu próprio cascateiro.

O LOROTEIRO
Este é o mais manso deles. Contar lorotas não ofende, nem agride. Afinal, a lorota se aproxima de uma piada, embora o narrador prove por a mais b, que aquilo realmente aconteceu. Geralmente com um amigo ou parente. Aliás, dizem que os loroteiros é que são os inventores das piadas. Nada melhor que um loroteiro simpático, chegado numa cerveja num fim de noite na mesa num barzinho de calçada. Os loroteiros são bons contadores de histórias. Contar uma lorota é como jogar uma história fora. Geralmente, boas histórias.

O CHUTADOR
Este sabe de tudo, senão, não daria tantos chutes. Normalmente ficam quietos no seu canto, como um centro-avante avançado e, de repente, surgem dando um chute estrondoso, certeiro. O chutador chuta em qualquer direção. Até mesmo contra o próprio gol. O chute tem suas características particulares: tem que ser dado na hora certa, com precisão e sem pestanejar. Senão, vira cascata, palha, mentira, lorota. O chutador é, antes de tudo, um atento. Tem que saber a hora exata do chute para não acertar na trave. São os artilheiros da mentira.

Mário Prata

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