Muitos de nós temos amigos de uma vida inteira; alguns continuam nos surpreendendo positivamente e, em outras ocasiões, nos decepcionam. Também vamos conhecendo pessoas novas que nos mostram ser adoráveis, e queremos continuar a conhecer e a compartilhar coisas com elas, pois a companhia é bem agradável.
Mas conhecer uma pessoa em profundidade, com toda sua parte positiva e negativa, é algo que implica mais intimidade, muitas horas, muitas situações distintas e compartilhar mais do que apenas um jantar ou uma noite de festa.
Ainda assim, mesmo tendo compartilhado muito tempo e muitas experiências boas e ruins, existem situações concretas nas quais se conhece realmente uma pessoa. Vamos repassá-las, algumas mais sérias e outras mais banais, mas todas elas nos permitem ver aspectos internos dessa pessoa que desconhecíamos.
Quando uma pessoa se encontra em uma situação estressante, ainda que não seja grave, podemos saber muitíssimas coisas sobre ela pela forma como ela aborda essa situação.
Ela pode ficar nervosa, agressiva, incapaz de pensar com clareza, não buscar soluções ou até mesmo apenas reclamar (pessoas menos indicadas) ou inclusive culpar os outros pelo que aconteceu.
“Aprendi que se pode conhecer bastante bem uma pessoa a partir da forma como ele ou ela reage em três situações: num dia de chuva, com bagagem perdida e na forma como desembaraça as luzes de Natal.”
-Maya Angelou-
Também podemos ver uma atitude de evitação, delegando responsabilidades para os outros porque considera que não é capaz de fazer algo ou porque não tem motivos para fazê-lo.
Essas situações são do tipo menos importante, mas a forma como uma pessoa se comporta perante os estresses menores nos vão dar uma ideia de como ela pode lidar com situações de maior estresse por assuntos mais sérios.
Não se trata de uma pessoa só falar com você para pedir um favor e deixar de falar quando você já o tiver feito (o que acontece). Trata-se dessas relações em que uma das partes se relaciona com outra, mas quando já não lhe interessa por vários motivos, deixa de lembrar de você.
Por exemplo, uma colega de faculdade com quem você fazia todos os trabalhos e compartilhava tempo livre, e quando termina a faculdade se mostra fria e distante. Aquela amiga com quem você saía e depois de começar a namorar você sabe pouco ou nada sobre ela. Aquela pessoa a quem você ofereceu ajuda para mudar para outro país e de repente te ignora quando já está instalada…
Saber quando o seu amigo ou amiga precisa de você e quando não precisa lhe dará uma pista de como essa pessoa realmente é. Apesar do que ela lhe disser, o mais importante é observar seus atos.
A convivência é a prova definitiva se você quiser saber como uma pessoa realmente se comporta. A maneira de respeitar o seu espaço, de respeitar suas coisas, de não discutir por coisas absurdas… Você percebe se a pessoa é capaz de compartilhar ou simplesmente seguir a sua vida na sua casa, que muitas vezes parece qualquer coisa, menos algo compartilhado.
Você percebe se ela é capaz de separar um tempo para falar um pouco sobre as coisas que lhes preocupam, se ela te ajuda se você ficar doente, se não se compromete em assuntos de contas, reuniões ou uma falha simples na casa de vocês.
Dá para perceber se ela é independente de forma saudável ou se é egoísta de forma clara e evidente em tudo que faz, e também se a pessoa se mostra simpática na rua e trata os outros de forma hostil na convivência.
Comentar sobre os outros é algo normal, principalmente quando duas pessoas compartilham o mesmo grupo de amigos ou se desenvolvem em um ambiente comum (profissional, esportivo, social…). Mas falar dos outros não implica faltar o respeito.
Em vez disso, julgar continuamente o que ela faz, considerar se a vida dela é melhor ou pior do que a sua ou contar coisas íntimas dessa pessoa pode dar alguma pista sobre quem está do seu lado.
É difícil saber quando um amigo é realmente egoísta. É preciso perceber quando uma pessoa te faz um favor só porque você já fez outros para ela e porque sabe que, talvez, você irá recompensar o favor mais tarde. Mas essa generosidade é falsa, isso não deixa de ser interesse.
Quando passamos por uma dificuldade econômica e essa pessoa não leva em conta a nossa situação e, além de não oferecer ajuda, ainda reclama de algo injusto do passado, nos damos conta de que tipo de pessoa temos como amiga.
Ela inclusive pode chegar a nos emprestar algum dinheiro, mas vai fazer isso com relutância, nos perguntando sempre quando vamos devolver (sem que esteja precisando neste momento) ou falando com os outros sobre o quanto fez por nós, deixando-nos em uma posição bastante desagradável.
Um amigo deve estar presente nas horas de alegria e de tristeza. Diz-se frequentemente que as pessoas que não são amigas de verdade te deixam sozinho quando você está passando por um mau momento e só se lembram de você quando trata-se de algo divertido.
Mas pode acontecer o contrário: o amigo que parece te ouvir e que está do seu lado quando tudo dá errado e ainda assim te desvaloriza e te boicota emocionalmente quando as coisas vão bem. Se a sua vida começa a entrar nos trilhos e a pessoa sente inveja ou uma falsa alegria, ela não é para você.
As pessoas vivem situações estressantes em suas vidas, e é extremamente importante contar com um apoio social que, para nós, pareça válido e caloroso.
“É nos momentos difíceis que a amizade passa por um teste decisivo.”
Surpreendentemente, naqueles momentos em que precisamos mais da atenção e do carinho de alguém, podemos encontrar indiferença, palavras de baixo calão ou subvalorização do nosso humor. Podemos até notar uma atitude fria, em que os problemas da outra pessoa continuam acima dos nossos, ainda que estejamos passando por uma situação realmente difícil.
Por isso, cerque-se das melhores pessoas e seja você também uma delas. E nunca se esqueça, trate os outros como gostaria de ser tratado. Uma forte rede de amigos é um tesouro muito valioso que se deve saber construir, manter e apreciar.
Imagens de Nicoletta Ceccoli e Kukula.
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