Erick Morais

8 filmes para cair na estrada

Viajar é umas melhores experiências da vida. Conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas, explorar a imensidão do mundo, do homem e de si próprio. Nesta lista, os filmes apresentam de tudo um pouco e cada um ao seu modo, de acordo com o que estivermos vivendo, nos deixará com vontade de arrumar a mochila (ou não) e cair na estrada.

EASY RIDER (1969)

Escrito por Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern e com direção de Hopper, o filme mostra a história de dois motoqueiros: Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) cortando o sul dos Estados Unidos em busca de libertação pessoal e autoconhecimento. Mostrando com realismo a realidade da geração beat e, consequentemente, do movimento hippie, a obra ajudou na consolidação do movimento cinematográfico da Nova Hollywood. Com uma bela fotografia regada a muito rock e ainda uma ótima atuação de Jack Nicholson, o filme mostra todos os dilemas, questionamentos e contradições desse período histórico, revolucionando o cinema da época e influenciando gerações futuras.

 

 

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THELMA E LOUISE (1991)

Uma das grandes obras do bom Ridley Scott, o filme nos apresenta Louise Sawyer (Susan Sarandon) uma garçonete de saco cheio da forma como é tratada e Thelma (Geena Davis) uma dona de casa submissa a um marido autoritário. Cansadas da vida monótona que levam, as amigas resolvem pegar a estrada a fim de passarem um fim de semana fora das suas cidades, quebrando a rotina. No entanto, logo no início da viagem, elas se envolvem em um crime e decidem fugir para o México, enfrentando uma série de aventuras, descobertas e dificuldades em uma mistura bem pontuada entre drama e humor. Com ótimas atuações das protagonistas e a bela trilha sonora do Hans Zimmer, o filme fala, sobretudo, da alma feminina e da liberdade que esta necessita para fugir dos medos e da opressão do mundo masculino, bem como, fazê-la sentir-se feliz consigo mesma.

ANTES DO AMANHECER (1995)

O primeiro filme da trilogia Before, conta a história de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Jesse é um americano que está vagando pelo Europa após o fim do relacionamento, buscando de algum modo se reestruturar. Celine é uma francesa que está a caminho da França após visitar sua avó em Budapeste, mas que também está permeada por conflitos existenciais. Esses dois jovens se conhecem num trem de forma episódica, acabando por se envolverem rapidamente e se apaixonarem durante uma noite de andanças pela bela cidade de Viena. Com um roteiro extremamente inteligente e diálogos memoráveis, além é claro de dois personagens apaixonantes, Richard Linklater cria um filme brilhante, em que discussões filosóficas sobre diversos assuntos, inclusive, o amor, são feitas de um jeito poético e belo, tornando o filme único. Sem falar, é claro, no cenário lindo de Viena.

QUASE FAMOSOS (2000)

Década de 1970, William Miller (Patrick Fugit) é um jovem prodígio de 15 anos. Fã de rock, ele sonha em ser jornalista e cobrir as bandas das quais é fã. Após fazer alguns trabalhos para jornais e revistas locais, ele conhece Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman), um jornalista crítico e incorruptível, e eles passam a desenvolver uma amizade. Então, William recebe uma proposta da bíblia do rock, a revista Rolling Stone, para cobrir uma banda durante uma turnê. Assim, ele embarca em uma viagem muito louca, cheia de descobertas, envolvendo sexualidade, amizade, amor e autoconhecimento em meio ao mundo do estrelato e euforia do rock. O filme é inspirado em experiências reais vividas pelo diretor Cameron Crowe, que na adolescência acompanhou bandas que marcaram época, como Led Zeppelin, The Who e Allman Brothers, formando um filme muito verdadeiro, divertido, sentimental e, sobretudo, muito rock’n’roll.

DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (2004)

Dirigido por Walter Salles, o filme é baseado em um livro de memórias com o mesmo nome escrito por Ernesto “Che” Guevara. A trama percorre a viagem feita por Ernesto (Gael García Bernal), então com 23 anos, e seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de La Serna), um bioquímico, em uma motocicleta pela América Latina, a fim de descobrir o continente além dos livros. A viagem que a princípio parecia uma aventura, aos poucos ganha um caráter mais dramático e político na medida em que novas realidades são descobertas pelos amigos argentinos. O filme ainda conta com uma bela fotografia e um retrato bem fiel da realidade de contrastes da América Latina, demonstrando de que modo essa viagem influenciaria na passagem do jovem estudante de Medicina Ernesto para uma das personalidades mais icônicas do século XX, o líder marxista, Ernesto Che Guevara.

PEQUENA MISS SUNSHINE (2006)

Um filme libertador, essa é a melhor definição para o filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris. A trama percorre a história de uma família pra lá de excêntrica, marcada pelo dilema entre o sucesso e o fracasso. Nesse universo familiar somos apresentados a Olive (Abigail Breslin), uma garotinha que sonha em ganhar um concurso de beleza. A fim de realizar o sonho da garota, a família se desloca em uma Kombi velha (mas, muito maneira) para chegar ao tal concurso, o “Little Miss Sunshine”. Ao explorar a problemática do sucesso/fracasso, o filme percorre muito bem a linha tênue entre o drama e a comédia que forma a vida dos personagens, desconstruindo máximas e padrões impostos pela sociedade. Com ótimas atuações e uma trama muito bem conduzida que te leva do riso às lagrimas com maestria, a obra é uma ode às nossas idiossincrasias, à loucura que nos forma e, sobretudo, um grito de independência aos padrões sociais que retiram nossa beleza e nos deixam engaiolados.

NA NATUREZA SELVAGEM (2007)

Roteirizado e dirigido por Sean Penn, o filme baseada no livro homônimo de Jon Krakauer, narra a história de Christopher McCandless (Emile Hirsch), jovem americano de família rica, altamente erudito e saudável, que após se formar na faculdade, decide deixar a vida de superficialidade que o cercava para entrar em contato com o âmago da vida. Assim, abandona casa, carro, família e dinheiro, embarcando em uma jornada de autoconhecimento rumo ao Alasca. Com uma fotografia belíssima e uma trilha sonora maravilhosa, o filme consegue ser extremamente filosófico e triste, ao mesmo tempo em que carrega uma leveza poética. Colocando em xeque o modus operandi da sociedade consumista, marcada pela aparência, superficialidade, egoísmo e adequação, a obra nos faz questionar o verdadeiro sentido da vida e de que modo nessa estrutura temos conseguido sentir verdadeiramente as felicidades presentes no mundo.

NA ESTRADA (2012)

Também dirigido por Walter Salles, o filme é baseado na obra-prima do escritor americano Jack Kerouac, um dos fundadores do movimento beat, que inspirou o movimento de contracultura dos anos 1960 e o movimento hippie. O filme percorre a vida de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem aspirante a escritor que acaba de perder o pai. Ele é apresentado, então, a Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um jovem vindo do Oeste com a sua namorada Marylou (Kristen Stewart), que se preocupa apenas em aproveitar a vida ao seu modo. Esse encontro muda a vida de Sal, que decide por o pé na estrada, em viagens de autoconhecimento e libertação regadas a muitas drogas, jazz e sexo. É um filme que expõe a origem de uma geração importante na história, marcada por questionamentos sobre a sociedade e a vida, bem como, as suas contradições e angústias.

Erick Morais

"Um menestrel caminhando pelas ruas solitárias da vida." Contato: erickwmorais@hotmail.com

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