Elisângela Siqueira

9 dicas psicológicas para entender o emocional das crianças e conversar com elas sobre a pandemia

Talvez as crianças sejam as que mais sofrem durante a pandemia. Não pelos mesmos motivos dos adultos, mas, por ainda não compreenderem de fato o que está acontecendo.

Na infância, tudo que não é compreendido pela via cognitiva, é imaginado e fantasiado e, dependendo do funcionamento psíquico da criança, as fantasias podem ter cunho depressivos, como, por exemplo: mamãe e papai vão morrer, eu também vou morrer.

As fantasias infantis também podem ter sintomas de ansiedade ou punição “eu sou uma criança má, a culpa é minha”. O aparelho psíquico é muito complexo e é sabido que cada criança vai fazer a sua “leitura” sobre a realidade que vem enfrentando. Sabemos que na infância, o real e o imaginário se confundem e criam grande confusão e sofrimento em suas mentes.

Às vezes, nós, pais e mães estamos tão empenhados em mostrarmos tranquilidade diante do caos que tentamos não mostrar nossas angústias e preocupações, até porque dá um certo receio de enxergar nos pequenos a confusão, medo e tristeza.

Nesse momento, é preciso ajudar nossas crianças. Em algumas situações, podem gerar traumas profundos, ignorar os medos e sofrimento trazido por elas. Essas características podem ser fontes de caos mental para os pequenos, que se sentirão sozinhos para resolverem suas angustias caso não deixemos um espaço de conversa e acolhimento.

Portanto, vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças nesse momento de pandemia? Acompanhem as dicas que separei para vocês:

1. Pergunte para ela como se sente em relação à mudança de rotina e a questão da distância dos amigos por não frequentar a escola. Ouça, atentamente… As crianças, assim como nós, precisam ser ouvidas e compreendidas;

2. O desenho e brincadeiras são excelentes fontes de comunicação entre a criança e o adulto. Peça para ela desenhar sobre as suas vivências durante a pandemia e brinque com o(s) filho(s) usando brinquedos de casinha, panelinha, carrinhos etc. É no desenhar e brincar que a criança conta sobre si e consegue elaborar suas preocupações;

3. Acolha as preocupações, dúvidas e angústias que as crianças trazem, mesmo que pareçam pequenas. É uma forma que a criança encontra de ser ouvida;

4. Explique de forma simples o que é Covid-19 e como se prevenir. As crianças aprendem bem rápido;

5. Evite assistir aos noticiários quando estiverem por perto;

6. Caso a família precise diminuir gastos durante a pandemia, explique de forma clara para o(s) filho(s). É importante que todos saibam e colaborem;

7. Estabelecer uma rotina na quarentena é importante, como horários de alimentação, tarefas escolares, acordar e dormir etc. Lembrando, dentro do possível de ser seguido por toda família;

8. Deixar espaço aberto para conversarem sobre a pandemia e medidas tomadas por toda família para atravessar essa fase difícil. Tudo o que é falado e explicado contribui para a(s) criança(s) compreender a realidade;

9. Manter a esperança. Afinal, sabemos que tudo isso vai passar e é importante que as crianças saibam e acreditem que esses dias chegarão.

Todas as crianças precisam de nossa atenção e cuidado nesse momento. Também sofrem diante desse cenário que nos foi imposto e ao contrário de nós, não conseguem compreender a realidade como ela é. Sabemos que algumas vivências podem marcar para sempre a vida das pessoas e se cuidarmos bem de nossas crianças, essa cicatriz emocional feita em época de pandemia será pequena.

Texto: Elisângela Siqueira | Edição e revisão: Rafael Henrique da Silva (MTB: 0089369/SP)
Crédito imagem: Pixabay

Elisangela Siqueira

Psicóloga com especialização em Psiquiatria e Psicologia da Infância e da Adolescência e em Psicoterapia Psicanalítica Breve. Mais de 10 anos de experiência. Atendimentos presenciais e online.

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