Não bagunce o que você não sabe arrumar: nem coisas, nem pessoas, nem vidas, nem corações.

É preciso pensar e ponderar antes de tomar qualquer atitude, antes de opinar, antes de entrar na vida de alguém. Às vezes, não poderemos evitar, mas deveremos ter em mente que, se for para desarmonizar, quando ainda não estivermos seguros do que queremos, não será justo bagunçarmos os espaços e os sentimentos que não saberemos reorganizar.

Tomemos como exemplo prático um ambiente físico: caso tiremos as coisas de seus lugares, sem termos planejado com antecedência o que iríamos fazer com aquilo tudo, estaremos apenas desorganizando o local sem razão alguma. É necessário que estejam claros os motivos e os objetivos daquela ação, ou tudo sai por água abaixo. E, se as coisas desarrumadas não forem nossas, a situação piora ainda mais.

Infelizmente, tem gente que parece possuir o dom de desarrumar e desarmonizar qualquer ambiente por que passa, qualquer vida em que entra, qualquer sentimento que deseja compartilhar. É como se jogassem um pedregulho em um lago sereno, como se odiassem calmaria. Basta haver certeza, que ali plantarão dúvidas Basta haver silêncio, que ali provocarão barulheira. Basta haver paz, que ali semearão discórdia.

Pessoas assim dificilmente conseguirão colocar em ordem os próprios sentimentos, tampouco serão capazes de lidar equilibradamente com os sentimentos alheios. Descuidados para com o próprio coração, pouco cuidarão do coração de quem estiver dividindo amor. Bagunçarão os pensamentos, os sentimentos, o afeto e a vida de quem resolver tentar ficar junto.

Portanto, não bagunce o que você não poderá arrumar. Não conquiste um coração que você não irá acalentar. Não entre na vida de alguém, se não tiver certeza de que irá ficar. Não se desloque para espaços que você não saberá ocupar. As pessoas já têm os próprios problemas com que lidar, ou seja, ninguém precisa acumular questões mal resolvidas, questões que nem são suas. É isso.

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Imagem de Ryan McGuire por Pixabay







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.