Por Joana Nascimento
Se me perguntassem o que seria um dos grandes malefícios do mundo, eu responderia que é a falácia do ‘quase’.
Em junho passado, tivemos no país uma quase revolução. As pessoas foram às ruas e bradaram ou, em outros casos, curtiram como se aquilo fosse mudar os rumos do Brasil, quando, na verdade, quase nada na prática aconteceu.
Milhares de almas sensíveis choram diariamente com os quase romances que viveram, pensando serem eternos, mas que no fim, eram apenas quase um relacionamento.
Outros se sentem decepcionados com os quase amigos que tiveram. Aqueles que estavam de prontidão para as euforias da vida, mas que quase se escondem quando outras necessidades aparecem.
Ou como quando você quase ganha milhões na mega sena, mas, de fato, gastou foi alguns reais em vão.
Os quase honestos, por exemplo, podem passar dessa condição para totalmente corruptos quase na velocidade da luz.
Torcedores lamentam os times quase campeões…
O quase é uma tentativa que não deu certo. É o fiasco. O fracasso.
Como aquele longa metragem de ação que é quase um filme, mas que na verdade não passa de um aglomerado de efeitos especiais com truques de montagem e edição.
Ou como aquela banda, quase sucesso nacional, mas que só é escutada pelos parentes dos integrantes.
Ou aquele ônibus que você pega todas as manhãs que é quase um transporte público, mas no fim é mais quase um traslado de animais.
Ou como a Pepsi que é quase uma Coca.
Ou, ainda, como a felicidade de muitos estampada no Facebook, que é quase uma vida real, mas que na verdade é só uma máscara virtual.
E isso aqui foi quase um bom texto, de uma quase jornalista, quase roteirista de cinema e quase produtora e crítica cultural, que, no fim das contas, é quase nada. Mas eu chego lá. Ou quase lá.
Nota da Conti outra: o texto acima foi publicado com a autorização da autora.