Tenho acompanhado aqui o “movimento reacionário da vez”.
Grupos religiosos fazem “motim” contra a publicidade que apresenta casais hétero e casais homo se presenteando no Dia dos Namorados.
Todos sabemos que existem casais homo-afetivos.Todos sabemos que eles se tocam, se beijam, se presenteiam, se namoram, se amam. Por que, eu pergunto, ainda há quem se rebele quando isso é mostrado?
Penso que esses reacionários cerceiam-se não movidos por uma genuína vontade, por uma convicção íntima: cerceiam-se por medo. Por crer que a divindade há de vingar-se trazendo-lhes algum tenebroso castigo. Talvez o eterno fogo do inferno… Então, a pessoa se prende, se limita, e mantem regras de castidade e fidelidade, por medo.
Agir por medo não é mérito, é covardia. Assim, ao ver pessoas que descumprem as regras sendo felizes… amando-se, respeitando-se, doando-se, vivendo como se não temessem as críticas, as injúrias, as pragas que lhes são rogadas, alguns exacerbam no medo e na covardia e querem punir esses “infratores” fazendo-os invisíveis. Por isso mostrá-los causa tanto terror a alguns. O que mais intriga é o fato de que não é a pura sexualidade homossexual que ofende: o que ofende é a alegria! O que faz com que os reacionários incorram num outro pecado capital: a inveja.
Esses movimentos não são de amor. Não são religiosos. Não são moralistas. São revinditas. São vinganças pessoais que impingimos a quem simplesmente é o que é, enquanto temos que carregar o peso das nossas máscaras e a mediocridade de uma fé que não nos traz nenhuma paz, mas nos incita ao ódio e à exclusão.
Quem conhece a si mesmo e assume integralmente a sua sexualidade, regrando-a ou exercitando-a de acordo com a sua própria consciência, não precisa apedrejar a ninguém. Vive e deixa viver.