Como Drummond, vamos de mãos dadas

Não me canso de achar estranho como alguns casais se comportam quando se trata de compromisso. A facilidade com que a fila anda e com que se troca de parceiro(a) é rápida para muitos que conheço. E essas mesmas pessoas costumam reclamar da falta de sorte no amor.

Talvez o desprendimento e a forma como a mídia e a sociedade encaram os novos relacionamentos influenciem em muitas escolhas e que mergulhar em um relacionamento é algo profundo e muitas vezes, doloroso.

Acredito que estamos nessa vida em sociedade para compartilhar, ensinar e aprender. E que seja bem difícil alcançar nossos objetivos sozinhos. Quando sentimos grande tristeza, alegria, raiva, remorso… enfim, todos os dias nós, de acordo com o caminhar do relógio atraímos diversos sentimentos para o lado de dentro. Nossas vivências precisam ser divididas, exteriorizadas, porque precisamos estar leves para caminhar. A presença do outro é estímulo para novos passos, para o outro dia, para o trabalho, para a vida.

Alguns prometem demais. Prometem o que não podem cumprir. Outros não se suportam tempo suficiente para descobrir a cumplicidade e as afinidades que poderão vir a existir. Há aqueles que repudiam o dar as mãos por confundir com exposição ou imposição. O estar junto é estar por livre arbítrio, por vontade, por desejo de estar perto e dividir os momentos não é dominar o outro. Dividir é servir de fortaleza nos momentos de tormenta, ultrapassando os ventos fortes e as tempestades, é ser o amigo que tem abertura para falar o que precisa ser dito e também para ouvir. É se deleitar com os prazeres mais simples, e por que não com os mais ousados?

Não precisa durar para sempre, só precisa ser sincero. Não precisa se transformar em outra pessoa, só vai funcionar se você for você.

Porque felizmente nós temos a capacidade de não esquecer aquilo que nos fez bem, mesmo que hoje faça parte do passado. Assim será eterno, mesmo sem o nosso querer.

Há pouco estava conversando com uma amiga e ela me contava de mais uma desilusão amorosa afirmando que as pessoas que se aproximam dela estão sempre cheia de problemas e isso a incomoda. Infelizmente, todos nós temos problemas e passamos por dificuldades. Então eu sugeri que se ela está à espera do par que não carregue nenhum tipo de turbulência seria melhor que ela parasse de procurar. E digo o mesmo para mim e para qualquer pessoa que não consiga enxergar nada de bom no outro. Permanecer de mãos dadas é difícil. Quando elas estão friinhas e cheirosas são maravilhosas, todavia as mãos também podem coçar, suar, apertar. As luvas podem proporcionar certo conforto, entretanto, você não terá o mais importante: o sentir. E aí, se for trocar de mãos todas as vezes que elas te importunarem é melhor que as mantenha livres.

Todavia, penso como Drummond, acho que será menos pesado e mais gratificante se formos de mãos dadas, em todos os sentidos, com todos os amores.

Por Márcia Rios

Fonte indicada: O POVO online







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