Tudo é comportamento. Pensar é se comportar. Falar é se comportar.
Seu comportamento pode te ajudar a emagrecer.
Antes de começar de fato a lhes mostrar como podemos nos boicotar, vou lhes contar três pequenas histórias que vão mostrar como o nosso pensamento e as nossas crenças são responsáveis pelo nosso “aprisionamento” aos padrões inadequados de comportamento alimentar.
De manhã, eu estava comendo uma fatia de melão e meu filho de quatro anos estava comigo. Segue nosso diálogo:
-Quer um pedaço de melão, filho?
-Eu gosto de melão mamãe?
-Gosta!
-Eu já experimentei?
-Sim, e você gostou.
Meu filho come melão e outras frutas diariamente, desde os seis meses de vida, mesmo assim ele fez essa pergunta, mostrando que ainda não criou uma escala de valores para o que gosta e o que não gosta de comer. Percebam como a mente de um indivíduo aos quatro anos de idade está completamente aberta para adquirir os conceitos que levará para a vida adulta.
Em outro momento, eu conversava com minha mãe e lhe dizia que ela precisava comer mais verduras de tom verde escuro, quando ela me respondeu:
-Eu não gosto filha. Eu não fui acostumada a comer isso.
Aqui percebemos que na terceira idade somos presos às crenças de todos os tipos e bastante resistentes a abandona-las.
O terceiro momento aconteceu no consultório quando eu ainda fazia avaliação psicológica de pacientes que queriam se submeter à cirurgia bariátrica. Uma paciente me contou que não conseguia comer verduras porque parecia que elas cresciam dentro da boca dela e lhe causavam náuseas. Ele mandava o tempo todo, aquele tipo de ordem ao seu cérebro que acabava por obedecer e provocar o desconforto ao mastigar a verdura. Perguntei então se as náuseas aconteciam quando ele comia Big Mac e então ele riu e disse que não. Minha dúvida foi: “Mas como não? No Big Mac tem alface!” É com a realidade que enfrentamos e quebramos as mentiras que nossos pacientes inventam para si mesmos.
Estes três casos nos mostram como a nossa alimentação sofre severas influencias do ambiente, da cultura, dos valores que nos são ensinados. Os seus hábitos alimentares, assim como todos os outros, são consequência das suas crenças e não causa delas. Eu poderia ter arruinado a relação do meu filho com o melão e com as demais frutas se tivesse dado uma resposta negativa assim como fizeram com a relação da minha mãe com a couve, os brócolis e o espinafre.
Você talvez acredite não gostar de certos alimentos simplesmente porque não os come com frequência e por isso não sente a falta deles. É assim com a ingestão de água também. Indivíduos que ingerem a quantidade correta de água sentem mais sede, o padrão de comportamento está estabelecido e não é preciso mais que se faça a força inicial de mudar o paradigma. É provável que você também acredite gostar e “não viver sem” certas guloseimas sem observar que pode viver muito bem sem elas. É preciso questionar sempre as nossas crenças, ou vocês acreditam que mastigar alface dá náuseas? O segredo está na observação.
Estudos mostram que a modificação e/ou a aquisição de um hábito, de um padrão de comportamento implica em se dedicar a ele por trinta dias, cinco vezes por dia. Se eu quero adquirir o hábito de passar batom diariamente, devo fazer isso cinco vezes por dia durante trinta dias e assim meus lábios se acostumarão com a hidratação e eu passarei a, automaticamente, fazê-lo, sem precisar me esforçar para isso.
As escolhas saudáveis, o abandono de velhos hábitos prejudiciais à saúde e que levam ao aumento do peso devem ser seguidas à risca e com dedicação no início, até que os nossos paradigmas se modifiquem e se torne então natural o tão desejado comportamento de se alimentar bem sem sofrer.
O foco deve ser a dedicação e não o sofrimento. A privação nunca produz bons resultados e é a responsável por quase todo o fracasso das chamadas dietas. Você é o que acredita ser e gosta do que acredita gostar.