Não somos tão importantes quanto imaginamos

Nós, em geral, achamo-nos importantes. Ao longo da vida, criamos bons relacionamentos, estudamos bastante, tentamos ser funcionários exemplares, auxiliamos algumas pessoas, fazemos algum trabalho voluntário, namoramos, casamos, criamos nossos filhos. A vida parece ser bem ativa.

Ao fazer isso tudo, é normal nos acharmos importantes, pensar que o que fazemos é primordial, que a vida de algumas pessoas depende de nós, que sem nós muitas coisas não aconteceriam, que aquele trabalho só é bem feito porque o fazemos, e por aí vai.

Só que o tempo vai passando e você se dá conta de que aquele trabalho que só você fazia pode ser também realizado por outro. Nas suas férias, você é substituído. Talvez a empresa não precise mais de você por alguma razão. Aí você percebe que  não é assim tão importante.

Aquelas pessoas que dependiam de você de certa forma estão se virando, ganhando maturidade e crescendo. Seus pais, seus irmãos, seus filhos e seus parentes têm a vida deles e tudo acontece sem que você tenha que fazer muita coisa ou dar algum suporte. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Muitas vezes, buscamos status, dinheiro e poder, visando satisfazer nossa necessidade de sermos importantes. Caímos nas histórias de que várias pessoas dependem de nós, que somos “chefes” e que fazemos algo realmente importante para todos. Nós pensamos que somos imprescindíveis.

Aquela pessoa que dizia que o amava tanto  e que, muitas vezes, exigia amor, proteção, segurança, carinho, conversa, passeios e encontros, já nem liga mais. Não deseja mais bom dia, não pergunta se você está bem e não se preocupa  com você como antes. Aí você percebe que  não é assim tão importante.

Tem aquela pessoa que lhe despertou interesse, que você tinha pensado em conhecer melhor, que você talvez tenha sentido alguma conexão e que tenha resolvido se importar com ela. Você decidiu dar o seu melhor na tentativa de também ser importante; só que então se dá conta de que nada daquilo aconteceu. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você, às vezes, não é autêntico e não faz o que quer, com medo do que os outros vão pensar sobre isso. Você quer ser um exemplo, não quer magoar ninguém e nem que os outros pensem algo errado de você. Só que o outro está ocupado, vivendo, realizando suas tarefas e pensando em si – sem ligar muito para você. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você cuida do seu corpo, compra as melhores roupas, quer estar sempre bonito(a), procura conforto e faz inúmeros planos. Daí se dá conta de que o seu corpo pode falhar a qualquer momento, que a qualquer hora ele poderá deixá-lo e se dá conta de que ele tem um período de validade. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você para e olha para o universo à sua volta. Vê a imensidão do mar, perde-se no infinito do céu, aquece-se com o sol, para tudo para olhar a lua e aquela estrela - que você não fazia ideia de que estava por ali. Você repara na grandiosidade da criação. Aí você percebe que não é assim tão importante.

A água e tudo o  que vem dela nos dá vida, o sol e tudo o que vem dele nos dá vida, a terra e tudo o que vem dela nos dá vida e o ar e tudo o que está nele nos dá vida. Como nós poderíamos ser mais importantes que qualquer criação? Perceba o tempo de vida de um planeta, de uma estrela, ou mesmo de uma árvore, e constate que eles duram muito mais do que nós (até uma tartaruga dura mais que você). Nós “apenas” existimos, não somos autossuficientes. Nós dependemos de tudo que está à nossa volta. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Não confunda importância com valor. Nós temos valor, entretanto, comparados com tudo o que existe, nós não temos tanta importância. Ao apagar das luzes, vamos ganhar um espaço de terra e recordações nas fotos e memórias de algumas pessoas (que um dia também irão partir).

A nossa importância tem a ver com as nossas expectativas em relação à demonstração de amor das outras pessoas. É necessário lembrarmos que as pessoas nos amam, mas, muitas vezes, não sabem demonstrar bem isso e que, de fato, existe uma ligação de amor entre todos nós, independentemente de qualquer coisa. Isso é universal. Isso é eterno. Isso é divino.

Quando você sente que pertence, não tem necessidade de ser importante.

Então, por hoje, podemos perceber que não somos tão importantes assim.

“Toda a evolução do homem é de ser alguém para ser ninguém e de ser ninguém para ser todos“ — Sri Sri Ravi Shankar







Engenheiro de Formação, que largou o mundo corporativo para seguir o sonho de ser professor na área. Filósofo, escritor e poeta de coração. Atualmente desenvolvendo o hábito de ser blogueiro. Possui formação em coaching e se interessa sobre assuntos de desenvolvimento pessoal, relacionamentos, meditação, espiritualidade e demais explicações sobre o que vemos e sentimos.