Primeiro a obrigação, depois a diversão! Uma frase popular e muito repetida aos preguiçosos. A carapuça que serve em quem a coloca.
Mas, via de regra, há muito já se aplica essa regrinha básica. Associamos que a diversão, a alegria de viver são consequências dos recursos que temos, depois de todo o trabalho cumprido, com ou sem qualquer prazer.
Acordamos mau humorados, pensamos nas tarefas do dia, nas pessoas que encontraremos e temos o impulso de voltar para a cama, nos esconder debaixo da roupa de cama amarfanhada.
Nessa hora não somos capazes de reconhecer que por mais um dia abrimos os olhos, estamos respirando, teremos um dia inteiro para desfrutar, ainda que com grandes e pesadas obrigações, alguém lembrará de nós e enviará uma mensagem, uma figurinha, um alô e nós também faremos o mesmo para retribuir, ou não. Que pena.
A vida é cheia de tribulações, os dias repletos de leões para domar – jamais exterminar, as horas de trabalho são injustamente muito mais numerosas do que as horas de ócio ou prazer, mas essa é a dinâmica e nosso mau humor ou indiferença não farão a menor diferença nos prazos ou nas entregas que são de nossa responsabilidade.
No máximo conseguirão interferir nas relações que vamos colecionando vida afora, e, com algum esforço, poderemos ganhar o título de personas non gratas pelas carrancas e palavras atravessadas que lançamos pelo caminho.
Agora, pensando alto e forçando muito a barra para desconstruir essa cultura: E se tivéssemos a obrigação de acordar felizes e gratos todos os dias, da mesma forma que temos de trabalhar e pagar as nossas contas?
Quem não gostaria de conviver com uma pessoa assoberbada de trabalho e ainda assim, bem humorada e radiante, cumprindo suas obrigações, planejando suas diversões, nutrindo bem as suas relações?
Obrigue-se você também!