Fotografia por Phil Chester
Ainda que os cansados julguem, que os maldosos apontem e que os desafetos sintam inveja, eu não consigo odiar ninguém. Não é porque sou melhor do que eles ou porque não me permito ficar chateado e incomodado com as suas atitudes, mas é que, para mim, nada de bom acontece quando deixo o ódio tomar conta.
Algumas pessoas confundem ódio com raiva e talvez não exista nenhuma diferença clara entre eles. Contudo, tanto um quanto outro são nocivos ao bem-estar de quem quer levar a vida na simplicidade, na gentileza na ponta dos lábios. Vivemos em tempos calorosos demais para afetos de menos. Nada pode ser bom quando damos voz para gestos e sentimentos tão desastrosos e diminutos. Raiva não é justiça, ódio não é equilíbrio. Não me permito nutrir nenhum dos dois porque é exaustivo carregá-los, mantê-los. O ódio é entrave para qualquer amor. Perda alguma justifica tantas doses expressivas de querer o mal do outro.
Mágoas não podem, em momento algum, serem pontos de partida para um estado maldito de covardia. Existe uma grande diferença no que diz respeito ao estar descontente e estar com ódio. Tristezas não podem ser previstas e manipuladas, mas o ódio pode tudo isso. E a troco de quê? Ser melhor, fazer melhor? Não, sem chances.
Enquanto uns procuram adentrar nessa trilha entorpecente e desagregadora por questões políticas, opiniões racistas e outros assuntos que nos cabem mais uma falta de maturidade do que de vontade, escolho o respeito como o primeiro sentimento. Não deixo, digam o que quiserem, que o meu sorriso dê cambalhota em lágrimas.
Ainda que tirem-me de louco, ingênuo e tolo, eu não consigo odiar ninguém. Não consigo. É direito de todos escolherem os próprios descaminhos, mas isso não significa que deva ser arrastado por eles. Ódio não é escolha, raiva não é moral. Nada disso merece entrada para os que querem somar.