Algumas vezes, o tempo pode ser injusto. Não é uma certeza o quanto permaneceremos ao lado de alguém, seja por motivos além do nosso alcance ou por supostas entregas de cada um. Por isso que o amor não pode ser econômico. O amor é sobre dividir o melhor de você com outra pessoa.
É também sobre não ter dúvidas do que podem alcançar juntos. É cumplicidade de manhã e apetite para felicidades no decorrer do dia. É sobre serem honestos em cafunés, beijos e abraços. É não fazer cara feia quando o pensamento desalinha ou quando os gostos se afastam. Porque toda a brevidade que perdemos disputando quem está certo e errado, o amor vira um carretel sem direção. E nenhum adeus pode sobrepor à saudade de ficar.
É também sobre encontrar sonhos a dois. Não enxergar no outro uma lacuna a ser preenchida pelas suas maiores qualidades, mas como um caminho disposto de soma para inúmeros entrelaces de ambos. É trabalhar defeitos de sorrisos abertos, um por vez, carinhos por dois. Porque relacionamentos não podem ser insistências contra a solidão. Estar com alguém é entender que, dentre todas as escolhas possíveis, escolhemos inteiros.
É também sobre entender o que o coração precisa. É dizer por vontade e fazer por sinceridade. É não omitir partes de si para agradar. É estar junto nos momentos mais imprecisos e continuar em frente. Porque o amor é muito mais amor quando medidas não são impostas.
Algumas vezes, o tempo é justo. É uma certeza quando reconhecemos alguém que realmente possa estar ao nosso lado, seja por motivos além do nosso alcance ou por entregas bem-vindas de cada um. Por isso que o amor é um recipiente a transbordar. O amor é sobre permitir tudo de você com outra pessoa.
Imagem de capa: Blue Jay (2016) – Dir. Alexandre Lehmann