Mitologia é o conjunto de mitos, bem como o estudo dos mitos, de sua origem, da evolução e do significado de cada um deles. O mito trata de uma narrativa sagrada, que explica a formação do universo e de como tudo se criou, incluindo a humanidade, os fenômenos naturais e conceitos abstratos – como o amor, por exemplo. Trazem em seu conteúdo forças sobrenaturais e divindades, por isso a maioria dos mitos estão atados a alguma religião.
A Mitologia está sempre associada com uma cultura e com um povo e os seus sistemas religiosos e culturais, algumas quase extintas, como a mitologia grega, romana, egípcia, etc. Os personagens centrais dos mitos são deuses ou heróis sobre humanos e suas histórias são sagradas para o povo a qual pertencem, sendo endossadas por governantes, sacerdotes e pelo povo. Esses povos as tem como histórias reais de um passado remoto. Essa é a forma como cada povo escolheu de contar a formação do mundo como é hoje.
São histórias atemporais e se ajustam a qualquer tempo e qualquer sociedade. Isso porque revelam verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana. Todas as histórias presentes expressam pontos de vista e crenças de um país, um período no tempo, cultura e/ou religião a qual lhes deu à luz. No entanto, elas não saem de “moda”.
O cinema, a literatura e a televisão se valem dessas histórias, pois estão cheias de significados. Star Trek, Star Wars, Harry Potter, Senhor dos Anéis, Percy Jackson, As crônicas de Nárnia, utilizam temática mitológica.
A Mitologia Nórdica
A Mitologia nórdica também é chamada de mitologia germânica, viking ou escandinava e trata-se do conjunto de mitos dos povos escandinavos, durante a era Viking. Após a cristianização desses povos, muito da sua mitologia foi esquecida.
A mitologia nórdica, ao contrário de outras, não designa uma religião no sentido habitual da palavra. Não havia um livro ou escrituras que designassem uma religião. As lendas eram transmitidas de forma oral, durante a era viking.
A maioria das fontes sobre essa mitologia vieram da Islândia, através dos Eddas. Uma coletânea do séc. XIII, composta por fragmentos da antiga tradição escandinava. Essas lendas foram compiladas da tradição oral como forma de preservar esse conhecimento. Existem a Edda em prosa e a Edda em verso. A Edda em verso são poemas sobre os feitos de deuses e heróis da mitologia nórdica. A Edda em prosa é uma coletânea literária religiosa, a principal fonte literária de mitologia nórdica, escrita por Snorri Sturluson, até cerca de 1200.
É importante ressaltar que o povo viking possuía uma relação muito forte com a agricultura, pois era uma sociedade rural. Por isso, os ritos de fertilidade e fecundidade eram extremamente comuns, visando a prosperidade do povo. Além disso era um povo hostil e habituado com guerras.
A religião deles era muito mais prática, ligadas a atos e gestos. Pode-se dizer que era uma sociedade fortemente influenciada pela função sensação. Diferentemente dos gregos, que possuíam uma apreciação pelo belo e pelo equilíbrio, sendo mais movidos pelos sentimentos. Os ritos e a mitologia eram uma busca da compreensão da vida prática. Alguns autores afirmam que era uma religião da vida. A religião era toda pautada em rituais, principalmente o culto aos ancestrais.
Cosmologia nórdica
Na Mitologia Nórdica o universo era um disco gigante, formado por nove mundos. No centro do universo há Yggdrasil– uma árvore colossal que é o eixo do mundo – que liga os nove mundos da cosmologia nórdica. Suas raízes se encontram em Niflheimo mundo do frio, da névoa e da neve. Mundo sombrio onde se localizavam árvores assombradas e um solo onde não se produzia nada, havia uma escuridão profunda e era habitado por gigantes e monstros.
No seu tronco estava Midgard, o mundo dos humanos, domínio da deusa Jörd e era cercado por oceanos.
Na parte mais alta, que se dizia tocar o Sol e a Lua, encontrava-se o reino de Asgard (a cidade dourada), o reino dos deuses, com seu Valhala, local onde os guerreiros vikings eram recebidos após terem morrido, com grande honra, em batalha.
Havia também o Vanaheim, repouso dos Vanir – deuses mais benevolentes, relacionados a agricultura, a fertilidade, comércio, prazer e paz.
O outro reino era Helgardh, mundo dos mortos governado pela deusa Hela (ou Hel), esse é um reino mais frio, escuro e mais baixo. Encontra-se abaixo da terceira raiz de Yggdrasil.
Havia também o Svartalfheim, o mundo dos anões ou elfos escuros e o Alfheim, o mundo dos elfos claros.
Jotunheimera o mundo dos gigantes e Muspelheimé o reino do fogo, onde habitam os gigantes de fogo.
Além disso, dizia-se que o Yggdrasil era guardado pelas valquírias, pois os seus frutos continham todas as respostas para as indagações da humanidade. Somente os deuses a visitavam. Dizia-se também, que as folhas de Yggdrasil podiam trazer os mortos de volta para a vida e apenas um de seus frutos, curaria qualquer doença e até mesmo salvaria uma pessoa da beira da morte.
O tema da árvore no centro do mundo é um tema comum. Na tradição judaico cristã temos a árvore do bem e mal no jardim do Éden. A diferença é que aqui os frutos da árvore, apesar de serem proibidos também, trazem muitos benefícios à humanidade. O problema é que os homens então se assemelhariam aos deuses e seriam imortais. Outra diferença é que na Gênese há a transgressão humana e na nórdica não.
Existiam também dois clãs de deuses, os AesireosVanir, que foram inimigos, mas se uniram novamente. Enquanto os Vanir são deuses da natureza, os Aesir são belicosos.
Os principais deuses Vanir são Njor e seus filhos Frey e Freya. Os Aesir mais famosos são Odin, Thor, Tyr e Frigga. Quase todos Aesir estavam predestinados a morrerem durante o Ragnarok– o fim dos deuses. Ambos clãs se uniram para lutar contra os gigantes, lembrando a mitologia grega, onde os deuses eram inimigos dos titãs.
O conflito desses dois clãs representa a integração dos deuses do céu e da ordem com deuses da terra e da fertilidade, mostrando um equilíbrio entre essas duas forças. Algo que hoje falta em nossa tradição, que possui um deus apenas da ordem, da lei e do céu. Nos faltam deuses da fertilidade e ligados à terra.
Hoje, o foco da nossa sociedade está mais no mental e na lógica. Precisamos resgatar o contato com os aspectos de fertilidade, da terra, do corpo e das emoções. E conhecer essa antiga mitologia, pode nos mostrar como unir esses dois aspectos novamente de forma mais consciente.