Imagem de capa: Yuganov Konstantin/shutterstock
Com frequência pessoas escrevem artigos com a proposta de ensinar aos outros a forma mais adequada de obter aquilo que se almeja da vida: uma boa carreira; fortuna; alguém a quem oferecer e receber amor, e aí por diante. As receitas, normalmente, não são tão complexas à primeira vista. Podemos resumi-las da seguinte forma: trabalhe muito, alimente-se bem, estude muito E compre o nosso curso e/ou contrate nossos consultores especializados, os quais o orientarão para que atinja o sucesso absoluto.
Mil perdões àqueles que não estão acostumados com o modo – às vezes não muito sutil – como escrevo. Mas não, nenhum dos itens habitualmente listados – por aqueles que se propõem a facilitar a caminhada humana – são suficientes na ausência do mais essencial dentre todos os aspectos: você precisa acreditar que merece aquilo que deseja!
Sem preencher esse requisito você:
– Irá estragar todos os seus relacionamentos. Será sempre insuportável manter pessoas que te amam por perto. Sentir-se-á sufocado. Seus olhos se cegarão para tudo o que na relação está dando certo e se tornarão apenas aptos a perceber aquilo que lhe for insuportável – e, acredite, parecerá mais do que o suficiente para dar tudo por encerrado;
– Sentir-se-á ansioso e desconfortável ao receber aquela tão esperada promoção ou ligação para uma entrevista de emprego. Abruptamente surgirão em sua cabeça milhares de razões pelas quais deva negar a promoção ou faltar à entrevista – terá de convencer a si mesmo de que vale a pena arriscar e, mesmo que consiga, provavelmente terá um desempenho bastante inferior ao que poderia;
– Não conseguirá estudar aquilo a que se propôs. Cada parágrafo parecerá levar uma vida para ser lido e, em simultaneidade, o voar das moscas será interessante de tal forma que não desviar sua atenção para tamanho espetáculo será basicamente impossível. Pensamentos como: “Por mais que eu estude não me sairei bem o bastante”; “Não consigo entender nada do que leio” e etecetera são bons exemplos do que habitualmente vem a ocorrer.
Por que razão?
Simples: Não há nada mais insuportável do que viver uma vida melhor do que aquela que se julga merecer.
Para fechar, ensinarei uma forma bastante simples de identificar o quão merecedor – ou não – você se considera das coisas que almeja. Como se sentiu nas últimas vezes em que se deparou com oportunidades desejadas? Digamos que o tamanho do desconforto experimentado é diretamente proporcional à crença no não merecimento.
Durante milênios as pessoas foram fadadas a morrer tendo vivido exatamente a vida que, lá no início de suas infâncias – por conta de diversas ocorrências – acreditaram merecer. Atualmente, entretanto, há um profissional que é treinado e equipado para quebrar tais ciclos, seu nome: Psicólogo. Isso quer dizer que todos aqueles que se veem em tais situações precisarão fazer psicoterapia? Não exatamente, porém, podemos fazer uma boa analogia. Digamos que a noite chegou e certa pessoa está deitada. Desejando dormir, decide que a luz do cômodo em que está deve ser apagada. Fazer psicoterapia é levantar-se da cama e pressionar o interruptor – exige esforço para sair de uma posição confortável para que, por alguns instantes, tenha de se esforçar em direção à meta estipulada. Não fazer é ficar deitado na cama e esperar que a lâmpada queime. Ambas as decisões podem produzir os resultados esperados, entretanto, fica claro que depender da sorte é uma escolha bem pouco inteligente a ser feita.