Penso que livro não é um passatempo e, sim, um meio maravilhoso de aprendizagem e emoção.
A satisfação é enorme quando uma leitura nos traz novos conhecimentos; é como estar prenha de um mundo novo
– nunca antes imaginado – e com liberdade de conhecê-lo, profundamente.
Ideias e pensamentos desenham um horizonte sedutor que nos convidam a desbravá-lo.
Outra experiência provocada pelos livros é aquela em que “eles nos escolhem”, mostrando-se perfeitos para o momento em que estamos vivendo.
Carl Gustav Jung definiu esse acontecimento como sincronicidade, isto é, a simultaneidade de um estado psíquico com um ou vários acontecimentos reais.
Uma experiência recente de sincronicidade aconteceu com o livro da filósofa, Hanna Arendt, Homens em tempos sombrios.
Tomados por inúmeros fatos noticiados nas mídias sobre o atual cenário político de nosso País, fica difícil acreditarmos que valores tão necessários à natureza humana, como justiça, honestidade, honra, veracidade se tornarão eixos de sustenta- ção da humanidade.
Sentimentos de revolta, de descrença, de medo e muitos outros passam a habitar nossas mentes e vamos, progressiva- mente, fazendo um afastamento da vida política.
Paralelamente, cresce também a crença de que o melhor é cuidar da própria vida para não nos prejudicarmos ainda mais, e o lema “Cada um por si e Deus por todos” começa a fazer sentido para muitos de nós.
É nesse cenário psíquico que me encontro com as ideias mundo.
Escreveu sobre o perigo da retirada para o âmbito interior, ou para uma forma de exílio que denominou como emigração interna. O resultado, afirma categoricamente, é um grande desastre à natureza humana, pois o poder surge apenas onde as pessoas agem em conjunto, e não onde as pessoas se fortalecem como indivíduos.
Aprendo, assim, uma necessária lição de vida: em face de uma realidade aparentemente insuportável, não devemos nos desviar do mundo e do fluxo dos acontecimentos para uma vida interior. É preciso compreender a época em que vivemos para poder agir de forma consciente e, em conjunto, colaborar para a mudança necessária em nosso meio.
Eximir-se da responsabilidade de cidadão e se tornar mero observador apartado da realidade é um desastre para a humanidade.
Imagem de capa: LOGVINYUK YULIIA/shutterstock