Tenha orgulho das suas cicatrizes, tanto as físicas quanto as emocionais. Elas serão os seus eternos lembretes do quão guerreiro(a) você foi naquelas circunstâncias em que você achou que não fosse capaz de suportar aquela dor ou aquela dificuldade que assolou a sua alma. Escolha ver essas marcas como troféus, elas merecem esse título. Essa marca na sua pele é para lembrá-lo que você resistiu àquela doença, àquele acidente ou àquela cirurgia tão delicada.
Sobre as suas cicatrizes emocionais, perceba-as, também, como tatuagens de resiliência. Aquela humilhação que você sofreu na infância, aquela injustiça que assolou a sua vida ou aquela perseguição no trabalho que acabou levando-o à depressão não prevaleceram sobre você. Você conseguiu superá-los, você soube enfrentá-los e, certamente, saiu mais fortalecido daquelas experiências. Eu citei essas experiências, mas, é possível que você tenha enfrentado muitas outras, como por exemplo, uma grande calúnia envolvendo a sua família, um grande prejuízo financeiro por ter confiado em alguém ou um intenso sofrimento em decorrência de uma ruptura amorosa. Enfim, eu poderia continuar a lista de dissabores, contudo, paro por aqui.
As marcas ficam, elas são inevitáveis. Jamais sairemos de uma situação estressora da mesma forma que entramos. Contudo, vale lembrar que são as adversidades que trazem à tona a força que temos. É muito comum pensarmos num sofrimento passado e nos surpreendermos com a nossa capacidade de superação. É comum nos perguntarmos: “Nossa, como pude superar aquele sofrimento?” Daí, cada um vai achar a sua própria resposta. Haverá aqueles que atribuirão a sua capacidade de superação à fé, como haverá, também, aqueles que atribuirão aquela capacidade de superação à própria força interior.
Tenho um irmão que teve uma perna amputada num acidente de trânsito em junho de 2015. Ele, para a surpresa de todos, sente-se um afortunado pela amputação, afinal, nunca se teve notícias de que um motociclista sobrevivesse colidindo com uma carreta. Ele sobreviveu e diz cheio de gratidão: “Só perdi uma perna, tá bom demais, era para eu estar morto”. Sem dúvida, ele é o meu maior referencial de gratidão. Ele nunca reclama de nada, ainda no leito de hospital, quando saiu da UTI, ele me recebeu com um sorriso dizendo: “O Doutor me disse que eu nasci de novo e que vou aprender a viver sem a perna. Então, eu vou ter que aprender, minha irmã. Se Deus não me levou, é porque Ele sabe o que tá fazendo”. Ele tem apenas o ensino fundamental, mas é o meu Doutor em termos de gratidão e resiliência. Ele não vê aquela amputação como um azar, ele prefere ver como uma grande bênção, pois, para ele, simboliza a sobrevivência a uma grande tragédia.
Então, tudo depende da forma como escolhemos olhar. Sempre haverá um lado bonito nos sofrimentos pois extraímos grandes ensinamentos deles. Contudo, existem aquelas pessoas que focam apenas na dor. Elas optam por alimentar o rancor, o ressentimento, o vitimismo e etc. Dessa forma, elas ficam estagnadas, o tempo passa e elas permanecem ancoradas lá naquele evento doloroso remoendo as piores lembranças. A escolha do que vamos alimentar é nossa.