Jackson Cesar Buonocore

A catarse: cada um faz do seu jeito e com os meios que possui!

A catarse é a palavra que resume o que precisamos para expurgar a tragédia que vivemos no país, que tem mais de 162 mil mortes por Covid-19 e a ameaça de segunda onda do vírus. Porém, a doença é tratada como uma “gripezinha” e sua vacina com desprezo. Além disso, temos um Estado que não se empenha em conter as queimadas na Amazônia, e por essa razão é visto no mundo como pária ambiental.

O termo catarse vem do grego, “kátharsis”, que significa purificar. A sua utilização está ligada ao estado de purificação do espírito humano, que ocorre pela superação de um trauma individual ou por uma experiência coletiva de expulsão do mal-estar social, que atinge a sociedade.

O filósofo Aristóteles, um dos maiores pensadores da Grécia antiga, postulou que a catarse é um mecanismo que provoca uma descarga emocional e liberta o corpo e alma da origem do mal, pois ela se constitui na depuração e no livramento das imperfeições, que coloca para fora aquilo que é anormal à natureza humana.

Sigmund Freud, transformou a catarse em um método psicoterapêutico, que afasta o sujeito do sofrimento psíquico e dos afetos doentios, com o propósito de curar seus traumas reprimidos no inconsciente. Em outras palavras, é a abertura de janelas para oxigenar a mente e limpar o corpo em relação alguma situação opressora, que reside há anos dentro de nós.

A catarse foi retratada por Aristóteles em sua obra “Arte Poética” e ganhou raízes na psicanálise. Ela também é repleta de metáforas e significações, que são usadas na medicina, na educação, no cinema, no teatro, na arte, na música e na religião, que servem não apenas de purificação, mas como um modo de libertar as amarras em nossas vidas.

No âmbito da medicina, a catarse é a evacuação através do vômito, fezes, suor, urina e sangramento de tudo aquilo que faz mal para o indivíduo. Na educação, ela surge a partir do momento em que o aluno percebe que a realidade do mundo pode ser questionada e transformada, e no cinema provoca descargas de emoções ao ver um bom filme.

Aliás, a liberação de emoções acontece quando assistimos uma excelente peça teatral ou um show musical de boa qualidade, bem como ela se revela diante da beleza de uma obra arte e na religião se manifesta na verdadeira comunhão com Deus, tudo isso renova em nós o sentido da vida e a paz interior.

Portanto, a catarse cada um faz do seu jeito e com os meios que possui, que serve para aliviar as tensões diárias, revigorar a nossa esperança e projetar um futuro melhor, sem os gravíssimos problemas, políticos, sociais, econômicos, ambientais e de emergência sanitária que assolam atualmente o nosso país.

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Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista

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Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista

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