O Big Brother Brasil 21 se tornou um laboratório de discussões nas redes sociais, que trouxe à tona questões sobre racismo, bissexualidade e militância identitária. Porém, são “tribos” que dentro do programa não compartilham entre si os valores de liberdade, igualdade e fraternidade.
As declarações de alguns participantes deram o roteiro desse reality show: “Ele é sujinho. Se esfregar bem…”, “louco” e “abusador” e “quer usar a agenda LGBT.” Isso coloca em contradição os brothers, que se dizem militantes da diversidade e contra o preconceito.
No entanto, o que se manifesta nessas falas é uma comunicação perversa, que tem como prática a tortura psicológica, que busca desestabilizar os concorrentes. Faz parte disso, a ironia e o vexame para controlar as relações dentro da casa, que contam com os cúmplices no grupo.
Temos que entender que essa é a dinâmica do jogo, que reforça a competição neurótica e a tortura psicológica, como forma de eliminar os rivais, pois o ódio dá lucro e audiência. Na verdade, esses ativistas entraram no esquema no jogo, e não importa se eles ou elas são brancos ou negros, heterossexuais ou homossexuais, a meta é ganhar o cobiçado prêmio.
Esses comportamentos que ocorrem dentro e fora do BBB21, se caracterizam como neuróticos e dominadores, expondo que a tortura psicológica é um método devastador de violência, que destrói o amor-próprio e a autoconfiança das vítimas através de ataques sutis.
O sucesso fenomenal desse BBB é porque ele conseguiu reproduzir “ipsis litteris”, ou seja, transcreveu literalmente a nossa cultura contemporânea, onde as pessoas são motivadas a vencer a qualquer custo sem precisar cooperar e se solidarizar com os outros.
Nesse reality show assistimos – sem disfarces – os comentários abusivos e maldosos proferidos pelos agressores, que usam a chantagem emocional e a manipulação para colocar a culpa nas vítimas.
Mas, as agressões psicológicas na vida cotidiana acontecem de maneira disfarçada, intencional e continuada, que privam as pessoas de expressar suas opiniões e crenças, além de serem criticadas no seu modo de pensar, falar e vestir.
Portanto, os alvos dessas hostilidades, sejam eles de um programa de TV e da vida real, têm sua saúde mental e física destruídas, que acabam sentindo-se na obrigação de seguir as imposições dos agressores.
Enfim, as vítimas da tortura psicológica precisam erguer sua autoestima por meio da terapia e dar um basta ao ciclo de agressões. E os neuróticos por competição devem buscar a cura de suas feridas, que exige o resgate da convivência humana baseada na cooperação e na empatia, não há outro caminho.
Jackson César Buonocore
Sociólogo e Psicanalista
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