A humanidade sempre criou leis e códigos para organizar-se em grupos sociais. A questão do estupro é antiga, desde o código de Hamurabi e passando pela Antiguidade, as mulheres deveriam permanecer virgens para seus futuros maridos escolhidos entre as castas. Passando pela idade Média, vemos uma perseguição maior à mulher a quem foi atribuído poderes de bruxa com instintos animais. Muitas foram queimadas por desobedecerem à ordem. A história da mulher ao longo do séculos é forte no sentido de uma ignorância por parte do homem e seu uso da força.
Parece que não estou falando novidade alguma, mas se não formos aos primórdios, como refletir com o que está acontecendo agora em pleno século XXI com toda a emancipação feminina, sua atuação na sociedade e um mundo pleno de maravilhas tecnológicas, inovações e comportamentos em plena mutação.
Deparamo-nos de repente com um crime hediondo na cidade do Rio de Janeiro, onde 30 homens violentam euma menor de 16 anos para mostrar sua superioridade e bestialidade a todos, expondo a ferida secular do homem violento sobre a mulher frágil.
A Cultura do Estupro é essa cultura que permite aos homens abusarem do corpo de mulheres, as abusarem moralmente e não serem culpados por isso. No fim, não se trata de estupro em si, mas de legitimar a violência à mulher, física, psicológica e moral. Ou a culpa é da vítima. Eu creio que a gente pode chamar de cultura do estupro esse comportamento que justifica todo ato agressor contra o feminino. Desde palavras chulas nas ruas, pequenos e grandes assédios são vistos como oportunos e passíveis de acontecer.. Mas o machismo, implicado na estrutura da nossa sociedade, me parece que precisa de um detalhe a mais para definição.
A cultura do estupro soma ao machismo as imagens glamorizadas das propagandas fúteis de roupas, cervejas, e carros que expressam uma violência sublimada pelo desejo de poder. Todos os dias os canais de televisão e as redes sociais mostram mulheres sendo forçadas a ter uma aparência sensual exagerada e expressões de vulgaridade mascarada por objetos luxuosos. Desse modo a mulher objeto é fabricada e alimenta nos homens sua pulsão sexual que alcança em quase todos os casos, o estupro, como uma transgressão da lei, viabilizando sua banalidade. Não. Estupro é crime e a vítima nunca tem culpa.