A depressão sorridente é silenciosa e perigosa, mas pode ser compreendida e curada!

O vocábulo depressão vem do latim: “depressio e onis”, que define o termo “depressun” que significa a palavra “baixo”. Historicamente, a depressão foi debatida pelos filósofos, como o mau funcionamento orgânico e na literatura é caracterizada como transtorno grave, que compromete a vida em todas as suas dimensões.

Além disso, ela é um tema que tem repercutido nas últimas décadas, apresentando fatores genéticos, patológicos, bioquímicos, psicológicos e ambientais que podem estar implicados na origem e na evolução da doença. Hoje, a depressão é o mal do século 21, um fenômeno cotidiano, que atinge crianças, jovens, adultos e idosos, sejam eles ou elas pobres ou ricos, anônimos ou famosos.

A depressão revela a nossa fragilidade humana, causando a sensação de vazio, sentimento de tristeza, desesperança, desamparo, culpa e a perda da vontade de viver, que deixa o corpo lento, cansado, com insônia e sem libido. Aliás, podemos num dia acordar demasiadamente felizes e no outro totalmente tristes, acreditando que tudo de ruim ou errado que acontece na vida é nossa culpa.

Assim, surgiu a “depressão sorridente” ou a depressão atípica, que é quando nos acostumamos a pensar que um sorriso é indicativo de felicidade. Por isso, que há pessoas que são capazes de sorrir e viver momentos radiantes, mas nutrem sentimentos intensamente depressivos ou suicidas.

Esses indivíduos criam uma “máscara” para aparentar que são alegres quando estão em público, contudo, em casa estão sempre tristonhos e desanimados. Por essa razão, é difícil identificar as pessoas que sofrem de depressão sorridente, porque elas simulam que se sentem felizes e não aparentam estar depressivas, já que possuem casas, carros, empregos, amigos, cônjuges, filhos, etc.

O comediante e ator Jim Carrey revelou que tinha esse tipo de depressão, em numa entrevista, a uma emissora de TV americana: “Há picos e vales, mas eles são sempre cavados e suavizados para que você sinta um permanente desespero e fique sem respostas, mesmo que viva bem”. E Carrey concluiu: “Você consegue sorrir quando está no trabalho, mas continua em um baixo nível de aflição.”

Aproximadamente 70% das pessoas sofrem de depressão sorridente, porém, têm aquelas que não conseguem mais suportar o silêncio, o perigo e o peso de usar essa máscara por muito tempo, uma vez que a depressão vai além da tristeza, ela afeta a vida individual e coletiva em todos os lugares e situações.

Entretanto, é bom dizer em voz alta e clara, bem inteligível, de modo que todo o mundo ouça e entenda: “A depressão não é frescura, nem é fraqueza, muito menos é a necessidade de chamar atenção e sequer é a falta de Deus no coração”. Então, não são esses discursos que ajudam alguém, mas sim o respeito e o carinho que amparam os que sofrem com a doença.

Por fim, a psicoterapia e os antidepressivos são as formas adequadas para tratar a depressão, que pode ser compreendida e curada, além do que é fundamental que os amigos e a família entendam o problema, desconstruam os seus preconceitos, evitem julgamentos e ofereçam afeto e auxílio.
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Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme Joker







Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista