Por Clara Baccarin
A esperança nasceu no cais.
Plantou-se como rocha, paciente à passagem do tempo e às mudanças de estação. Firme e quieta, mas de coração vivo e pensamento longe, resgatando em outras épocas ou em sonhos a Beleza. Perdendo os olhos no horizonte à espera daquela velha proa, que venha por este velho caminho, cruze essas águas que nunca são as mesmas e a resgate e desencante de sua situação de pedra.
A esperança é um bonito mineral, como o amor que para não evaporar, se cristaliza em si mesmo. Não vive e não morre. Mas permanece. Como a maldição de tudo que quer ser eterno.
A esperança nasceu no cais.
E nele também pode morrer, como rocha estilhaçada pelo tempo ou como água, afogada nos braços do reencontro.