Era uma vez uma mãe apressada, muito apressada, aliás como todas as mães.
Ela fazia muitas coisas ao mesmo tempo: trabalhava, estudava, cuidava da casa, dos filhos, dos bichos e até (de vez em quando, é bem verdade) dela mesma.
As tarefas eram muitas, todos os dias e quanto mais ela fazia, mais apareciam coisas ainda por fazer.
Ela corria pra um lado, corria pro outro e estava sempre cansada.
Tão cansada que começou a trocar tudo: colocou suco pro gato, ração no prato, guardou a roupa na geladeira e ao se despedir da filha na porta da escola, ao invés de lhe dar um beijinho, abraçou o porteiro.
Tudo estava muito confuso e ela continuava cansada.
Mas não podia parar, pois o tempo era seu mestre e sempre fazia com que acordasse cedo e dormisse o mais tarde que pudesse.
Afinal, eram muitas coisas pra dar conta.
Tudo o que ela mais queria era que o dia fosse mais longo, tão comprido que ela pudesse tirar uns momentinhos para descansar.
Um belo dia, de tão cansada, sentou na porta de casa para amarrar os sapatos e adormeceu.
Quando acordou, se deu conta que as coisas estavam um pouco diferentes, tudo parecia mais devagar.
Os minutos demoravam a passar, a noite parecia não chegar, os ponteiros do relógio mal saíam do lugar.
Ela então, pensou: -Finalmente vou ter todo o tempo que precisar!
E começou a sua infindável lista de tarefas: arrumar a casa, ajudar as crianças na lição de casa, preparar o almoço, dar banho nas crianças e levá-las na escola, dar mais um jeito na casa, ir para o trabalho, voltar, contar histórias para as crianças e coloca-las para dormir, etc, etc, etc.
Como o tempo passava devagar, ainda deu tempo de arrumar o cabelo, fazer as unhas, preparar o relatório, lavar a louça do jantar e colocar toda a roupa no lugar.
No final daquele dia interminável, quando foi se deitar, percebeu que o cansaço ainda estava por lá.
No início ficou confusa, não entendia como em um dia tão longo não havia tirado nem uns poucos momentos livres para descansar ou, simplesmente, ver a vida passar.
Foi então que a Fada do tempo, a mesma que havia feito o feitiço para o tempo parar, apareceu e disse: – O tempo, passe ele depressa ou devagar, não é capaz de nos transformar.
Na verdade, ele é um mero coadjuvante no tipo de vida que insistimos em levar.
Somos nós, independente do tempo que temos, que decidimos quando e como parar.
E por mais incrível que pareça: parar pode ser a única maneira de continuar!
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