Por Juliana Pereira Santos
Fazia mais ou menos um mês que escutava o som de uma flauta tocando incessante em algum canto da vizinhança. Num primeiro momento, sem a atenção do coração, aquilo me pareceu apenas barulho, incomodou! Mas comecei a prestar atenção na melodia, e o som caiu doce na alma, era belo!
Os dias seguiram e minha mãe comentou que uma vizinha havia abrigado um sobrinho jovem, de apenas 30 anos, com duas filhas pequenas, uma de seis e outra de nove anos. Em três meses o rapaz perdera a mãe e a esposa de 31 anos com um câncer violento que tirou-lhe a vida em pouco tempo. Chateada, a mulher disse-lhe que algumas vezes encontrava a menina mais velha chorando de saudade.
A história soo-me um tanto indigesta! Compadeci-me dele e de suas filhas, fiz uma prece silenciosa pedindo a Deus que a saudade não lhes tirasse a esperança e por dias, ao sair e ao chegar em casa, tentei encontrar-me com o viúvo, ou com suas filhas, para oferecer-lhes ao menos um caloroso bom dia! Eu havia também ganho vários ovos de Páscoa e pensei que se desse um ovo para as crianças, elas ficariam felizes.
Naquela semana, saindo de casa para o trabalho, escutei uma voz viva, atrás de mim dizendo: “Bom dia”! Era o viúvo! Sua face era serena, e eu, surpresa, respondi com um sorriso sincero e segui meu caminho pensando naquela trágica história. Era sábado! Quando voltei… o som da flauta ressoava novamente, insistente! A música era: Aleluia! Aquela versão bonita que ouvimos no filme Shrek. A música perdurou por todo o dia, só parou com o entardecer! E eu não sabia quem a tocava!
O aleluia para o cristão é uma expressão de alegria plena! Na Páscoa, quando Jesus Ressuscita, ele é dito muitas e muitas vezes como uma forma de afirmação da fé! Só é possível experimentar a força do Aleluia, quem aprende a enxergar a vida na morte! Tarefa difícil! Sofrida! Só os nobres e humildes corações podem alcançar esta graça!
Na segunda feira, encontrei-me com minha vizinha e disse-lhe que apesar de não conhecer as suas sobrinhas, eu havia guardado um ovo de Páscoa para elas e queria entregá-lo. Ela chamou as meninas, que vieram correndo, apresentou-me e lhes disse que eu tinha um presente. Entreguei o ovo e as pequenas, com os olhos brilhantes e um sorriso iluminado, me deram um abraço apertado, grato! A tia disse à mais velha: “Filha, para agradecer o ovo, toque uma música para ela!” A menina correu, pegou a flauta e tocou o Aleluia! O meu corpo ficou todo arrepiado! Eu havia descoberto quem tocava a flauta mágica! Era a Valentina!
Nas histórias e nos mitos, a flauta é um instrumento de poder mágico! O deus Pã usava a flauta para seduzir as ninfas. No oriente, ela é utilizada para encantar as serpentes! Pensei então que, naquele momento, a flauta poderia ser para a menina, a varinha mágica que curava-lhe o coração!
As crianças são mais sábias que nós! Menos corrompidas, elas estão mais perto da sabedoria de Deus! Apesar de não conhecerem muito as nossas explicações racionais para os dramas da vida, sabem internamente que a morte é inerente à vida humana, sabem que a perda dói e sabem também que a cura para as dores da alma está dentro de nós mesmos!
A menina dos olhos brilhantes e de abraço apertado não é minha paciente! Mas se posso ousar lançar o meu olhar clínico sobre a sua expressão sagrada, ouso dizer que Valentina usa a flauta para aproximar-se do espírito da mãe, vivo dentro dela! O aleluia, incansavelmente repetido, é um ritual de autocura! Poderia ser talvez a forma que a menina encontra para dizer ao próprio coração que a mãe estará para sempre ali, eternizada, ainda que a saudade lhe corte a alma!
Ontem ouvi novamente o tocar de sua flauta! Fechei meus olhos e por alguns minutos uni-me a ela em seu ritual e mentalizei com força o seu Aleluia! Valentina é a expressão da criança sagrada e prova concreta de que a sabedoria é confidenciada aos corações livres! Ela vai crescer e certamente lhe roubarão a inocência! Mas rezo, para que o seu coração guerreiro esteja sempre vigilante para guardar em sua memória o poder da flauta mágica!
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