Escrito por Beatriz Paganini
O que aconteceu neste mundo?
A ganância do deus mercado, como diz um escritor do meu mundo, Eduardo Galeano, destruiu tudo.
E as guerras fizeram desaparecer a paz.
E alguns, com o pretexto de a procurar (à paz) continuam guerreando e chegou-se ao absurdo de premiar com o Nobel aquele que dirige a Guerra como se fosse emissário da Paz.
Enquanto isso:
Estão devastando as florestas.
Aumentam a fabricação de armas.
Países que não as fabricavam fazem-no agora.
Foram inventados os Paraísos Fiscais.
Foi criado o FMI, organização criminosa de colarinho branco ao serviço do Deus Artificial.
Foi criada a NATO e com o seu patrocínio se mata, rouba e destrói como Átila.
As regras da guerra nunca se cumprem.
Às sociedades anónimas permite-se transgredir.
As minas a céu aberto envenenam os rios.
Os agroquimicos contaminam as plantas e os seus frutos.
Os agroquímicos produzem malformações no feto humano.
Os agroquímicos causam o cancro e doenças em seres humanos.
Os agroquímicos causam doenças em animais.
Estão desaparecendo espécies animais.
Desaparecem espécies aquáticas.
Um novo termo “deslocados”, designa famílias inteiras a fugir porque lhes expropriaram as terras falsificando títulos de propriedade, que lhes confere o Deus inventado.
As hierarquias religiosas, não questionam o valor absoluto do Deus Artificial e deixam-no conviver com o Deus dos seus diferentes credos: católico, evangélico, muçulmano ou protestante.
Pequenas indústrias e / ou empresas desaparecem, absorvidas pelo Deus Artificial que sustenta os capitais internacionais globalizados.
Mudaram o nome às prostitutas, que são chamadas “trabalhadoras sexuais”, para transformar assim um sector moralmente marginal, dando-lhe uma referência valorativa falsa, mas suficiente para que a parte sórdida do submundo de prostituição se fortaleça, porque move milhões no mercado negro, juntamente com a droga, o jogo nos CASINOS e a lavagem de capitais ilícitos de milionários.
A televisão transmite programas de estupidificação mental.
Os canais de televisão, a imprensa oral e escrita, distorcem as notícias para o lado de quem oferecer mais.
Vários países mantêm a pena de morte.
A descoberta da América apenas significou, para os europeus, mais colónias para saquear.
A escravatura existe disfarçada (com o nome de trabalho precário) nos chamados países do terceiro mundo e também no chamado primeiro.
Como não acabam com a especulação (que é um falso argumento do falso deus) provocam crises financeiras que forçam os pobres a ser mais pobres, e vários estados que acreditavam ser soberanos, a alienar as suas riquezas naturais e o seu património cultural.
Bilderberg é um clube de notáveis desnaturalizados, com fortunas fabulosas, que administram com o Deus Artificial.
Alguns membros do Clube Bilderberg são inimputáveis de nascimento, porque acreditam ter uma cor diferente de sangue, que dizem ser azul.
Os considerados de sangue azul herdam os direitos inalienáveis dos seus privilégios e os cidadãos comuns podem ser passíveis de severas medidas, segundo o país, se questionam os do dito sangue azul. Existem também os chamados xeques que governam despoticamente, em países, geralmente ricos em campos de petróleo que lhes permitem levar vidas faustosas em contraste com a pobreza de seus súbditos.
Em alguns países monárquicos podem obter-se os privilégios dos de sangue azul quando o chamado monarca lhes concede um título chamado de nobreza.
Nos países obedientes ao Império onde radica o maior templo do Deus Artificial, aceitaram chamar “falsos positivos” a cidadãos inocentes para quem se inventou um currículo terrorista para os matar e para oferecer aos seus superiores uma quantidade, para justificar a tarefa de encontrar terroristas. Após um massacre chamado “La Macarena”, na Colômbia, foi descoberto este sistema sinistro, mas ele é mais comum do que se admite, não só na Colômbia, mas também na América Latina. Como no meu país, a Argentina, onde alguns governadores com mentalidade de senhores feudais, cometem piratarias contra os povos indígenas e assassinatos impunemente. Ou na sua falta, os povos morrem de fome ou de doenças já superadas em outras províncias.
Quando, no Templo de Deus Artificial se alerta para que, em alguns países os cidadãos pobres pretendem viver melhor, porque são governados por ditadores protegidos pelo Império do Norte (EX. Egipto, Tunísia, etc.), cortam-lhes os meios de comunicação e dinheiro (internet, sistemas bancários, etc.) e os militares ou policias matam e castigam-nos nas praças para onde foram, desarmados, reclamar pelos seus direitos.
A propósito do falso deus, transcrevo o pensamento do terceiro presidente dos EUA:
“Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos permanentes prontos para o combate. Se o povo americano alguma vez permitir que bancos privados controlem sua moeda, os bancos e todas as instituições que florescerão em torno dos bancos despojarão o povo de toda a posse, primeiro pela inflação, depois pela recessão, até ao dia em que os seus filhos vão acordar sem casa e sem tecto na terra que seus pais conquistaram”. Thomas Jefferson.
Se vivesse hoje Thomas Jefferson seria considerado terrorista?
[*] Escritora, argentina. Este texto é uma página do seu romance “Antes e depois de Guernica”.
O original encontra-se em ARGENPRESS Cultural.
Tradução de Guilherme Coelho