Categories: Sem categoria

A geração de frustrados emocionalmente

Por  MARI RIVAS

Uma boa escola, depois uma excelente nota para passar no vestibular, depois a universidade, o estágio na empresa dos sonhos, o diploma, a pós graduação, a promoção tão esperada, um MBA e finalmente o topo, uma diretoria, presidência, o “ser chefe” demorou, mas chegou. E é esse o caminho do sucesso e da felicidade ensinado para nós desde que nos foi feita a pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. Acontece que muitas vezes o fim desse caminho resulta em jovens infelizes profissionalmente, mas conformados graças ao afunilamento mental feito pelas instituições de ensino da sociedade brasileira. A maioria dos brasileiros encara essa situação do descontentamento profissional como algo que “faz parte da vida”. Só que não deveria fazer. Mesmo.

Se eu pudesse voltar no tempo hoje, jamais teria feito faculdade. Sim, economizaria tempo, estresse e dinheiro. Sou publicitária e trabalho com comunicação online. A faculdade não me ensinou a escrever bem. Não me ensinou a ser eloquente com os clientes. Não aprendi a usar o Photoshop e nem a desenhar bem na faculdade. Não aprendi sobre Google AdWords e sobre as redes sociais na sala de aula tão pouco. Na faculdade, não obtive nenhum tipo de inspiração criativa e não aprendi a falar outras línguas. Mas aprendi um bocado nos cursos livres que já fiz. Nas aulas de teatro perdi a vergonha de falar em público e a me expressar. Nas palestras sobre tecnologia eu me vi curiosa para pesquisar mais sobre o assunto por conta própria. Viajar me ensinou mais duas línguas. Assistir um filme, ver uma exposição, uma peça e passar o fim de semana num festival me deram um montão de ideias. Se eu pudesse voltar no tempo hoje faria muitos cursos livres sobre tudo o que realmente gosto, desde história e filosofia, até programação de sistemas e por que não, culinária? Poderia até parecer uma bagunça aos olhos de uma empresa pouco visionária, mas com certeza hoje eu seria muito mais completa e realizada.

Claro que algumas pessoas nascem com uma vocação e utilizam a faculdade como ferramenta essencial nesse processo. Estudar o que gosta torna qualquer pessoa o melhor profissional de todos os tempos. Ok, já sabemos. Mas nem todo mundo nasceu pra isso. Provas. Testes. Pra quê? Quando você finalmente pode escolher o que quer fazer da sua vida lhe é apresentado um leque de cursos de graduação em que você obrigatoriamente deve escolher um. Nem todo mundo se encaixa nesse mundo tão limitado. Pessoas talentosas são jogadas de um lado pro outro como marionetes porque um dia lhe disseram que esse é o caminho certo a seguir.

Quem disse que a moça que comprou uma máquina de costura porque gosta de fazer alguns reparos é menos importante do que a que está na faculdade estudando Fashion Design? Ou que o rapaz que tem talento como artesão e que faz móveis lindos de madeira é menos importante do que o outro que estuda administração de empresas? “Ah é que com o curso de graduação você vai ter um trabalho melhor, vai ganhar mais dinheiro.” – Será? E até que ponto esse raciocínio vale a pena já que é a sua felicidade que está em jogo?

As pessoas não param e pensam no que estão fazendo. Tenho certeza que tem muita gente que abre a boca pra falar cheia de orgulho da sua formação, da carreira, mas que senta todo dia na mesa do trabalho e pensa “que saco”. E pronto. Foi-se uma vida.

Quem foi você? Que diferença você fez? Trabalhou bastante? Fez bastante dinheiro na sua carreira promissora? Que bom, parabéns.

Mas e ai?

A conclusão é que você nunca deve se acomodar e nunca deve parar de procurar uma resposta. Porque se você acha que já tem uma resposta para o que quer fazer da vida, é porque você está no caminho errado. O sentido da vida é exatamente o contrário. É buscar as perguntas. É se questionar. É parar e pensar que nem tudo precisa seguir uma exatidão, um caminho certo. É perceber que quando se está tendo a mesma opinião da maioria, você talvez deva pensar de um outro jeito. É se perguntar sobre tudo o tempo inteiro. E enquanto isso, escolha um trabalho que gire em torno da sua vida e não o contrário.

Fonte indicada: Obvious

MARI RIVAS

Publicitária, aspirante a fashionista, prefiro ser chamada de “admiradora investigativa” do que “stalker profissional”. Email:mari.rivas850@gmail.com.

 

CONTI outra

As publicações do CONTI outra são desenvolvidas e selecionadas tendo em vista o conteúdo, a delicadeza e a simplicidade na transmissão das informações. Objetivamos a promoção de verdadeiras reflexões e o despertar de sentimentos.

Recent Posts

Reese Witherspoon volta à comédia romântica neste filme encantador que conquistou o público da Netflix

Este comédia romântica da Netflix com uma boa dose de charme e algumas cenas memoráveis…

30 minutos ago

Dica Netflix: Filme com Chris Evans baseado em um inacreditável caso real vai salvar a sua noite

Baseado em uma história real de tirar o fôlego, este filme de ação estrelado por…

2 horas ago

Suspense libidinoso indicado ao Oscar está instigando público no catálogo da Netflix

Esse suspense indicado ao Oscar é o filme ideal para quem aprecia uma trama sobre…

20 horas ago

Filme de suspense polonês disponível na Netflix é magnético e provocante na medida certa

Um filme que seduz o público com uma trama repleta de suspense e reviravoltas surpreendentes.

1 dia ago

Novas regras do PIX passam a valer a partir de hoje; saiba o que muda

A partir de hoje os brasileiros deverão se adaptar às novas regras do Banco Central…

1 dia ago

Mulher que viralizou ao entrar em pizzaria montada a cavalo diz não se lembrar de nada

Uma cena inusitada marcou a noite de domingo (27) em uma pizzaria no Bairro Paraíso,…

2 dias ago