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A inveja branca

Inveja? Você certamente é uma pessoa legal e não sente este tipo de coisa. Eu? Ah, tenho inveja branca de quem vai viajar para o exterior e põe aquelas fotos lindas nas redes sociais. E das mulheres magras, lindas e sempre sorridentes, com roupas da moda e um maridão lindo, fiel e carinhoso ao lado. Mas é branca. Eu não tenho inveja dos coleguinhas que trabalham no exterior,  viajam pelo mundo e conhecem coisas que nem posso imaginar. Mas tenho da branca. Porque eu sou legal. Branquíssima…

Bem, vamos combinar que inveja branca não existe. Até porque, dividir inveja em branca e preta soa, no mínimo, como discriminação. O preto, afinal, é assim, horrível? Sejamos honestos, ao menos, conosco mesmos. Na verdade, a inveja é mesmo uma m… Aliás, uma M (maiúscula!). Por definição, a inveja é um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (coisas materiais ou qualidades). Então, se você realmente se alegra com as conquistas alheias, parabéns! Você não sente inveja, e sim, alegria! E certamente, irá constatar que está bem mais feliz.

Bem, como eu sou muito bacana, acho que me expressei mal. A minha inveja branca é justamente essa alegria pelas conquistas dos outros. Só que inveja é inveja. Não importa a cor. Nós vivemos em um mundo de aparências e ilusões. E precisamos ter muito cuidado, porque facilmente nos enganamos ao olhar, distraídos, a vida dos outros. Neste mundo capitalista, aquele carro do ano pode ter custado boa parte da saúde física e mental de quem o exibe, sorridente, cheio de orgulho. Viver no universo corporativo, afinal, com tanta concorrência, não está fácil.

E por que não olhamos melhor essa necessidade de autoafirmação que alimentamos a caro custo, todos os dias? Quantos remédios estamos tomando para chegar lindos às redes sociais e mostrar belas fotos, cheias de felicidade? Tudo isso para alimentar e fomentar  a inveja alheia? Foi em 1866 que os católicos determinaram que a inveja fosse um dos sete pecados capitais, assim como gula, avareza, luxúria, ira, preguiça e orgulho ou vaidade. Bem, vamos pensar só na inveja no momento…

Gente, eu acho incrível como dilemas tão básicos são recorrentes e nós não conseguimos entender os pontos elementares da vida. Sinto-me ingênua acreditando que existe uma evolução. Até há pouco tempo acreditava que a conscientização era crescente e tal & coisa. Mas precisamos encarar que nossa evolução está andando a passos de cágado, para não dizer, para trás mesmo. Vale uma boa olhada em nossa parte interna e uma vasculhada nas invejas brancas e de todas as outras cores.

 

Alessandra Cavalheiro

Jornalista, 44 anos.Gaúcha de Santa Maria/RS. Moro em Florianópolis e sou editora de um caderno mensal de decoração e arquitetura. Tenho buscado inspirações para escrever sobre as possibilidades de paz, em tempos de corações corrompidos...

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