Imagem de capa: soft_light, Shutterstock

Que caminho seguir? Com qual das duas pessoas eu me relaciono? O que faço agora? Qual curso escolher? Qual produto eu compro?

Quando você escolhe um caminho e deixa de escolher o outro, o que você perde é o conhecimento sobre o não escolhido. Isso pode ser muito perturbador quando pensamos que a nossa escolha talvez não tenha sido a melhor. Muitas vezes, também ficamos parados, problematizando nossas escolhas e não avançamos em uma decisão.

Mas escolher é liberdade, não?

Se você ama sorvete de chocolate e eu lhe ofereço duas opções de sorvete: limão ou chocolate, qual você escolheria? Chocolate? Se eu estou condicionado ao sabor de chocolate, eu consigo afirmar que, em algum momento, escolhi livremente um tipo de sorvete? A minha escolha era realmente livre?

Passando isso para outras escolhas do nosso cotidiano: faculdade, trabalhos, passeios, viagens, namoros, amigos, comidas, produtos etc. O que realmente escolhemos e o que seguimos de acordo com o nosso passado/condicionamento? O que seguimos de acordo com padrões sociais?

Será que, muitas vezes, não fazemos escolhas apressadas, sem realmente conhecermos as possibilidades. Nesse ponto, nossa escolha não é livre, no sentido mais real da palavra, pois agimos condicionados a algumas crenças. Perdemos, nesse caso, uma oportunidade de nos conhecermos melhor e de seguir novos caminhos.

Se você só prova o sorvete de limão, então ele vai ser sempre a sua escolha e será para você o melhor entre todos os sabores. Permita-se conhecer a si mesmo e também a vida à sua frente com os seus sabores.

Um exemplo: Você tem que escolher entre duas pessoas: uma com quem já estava há mais tempo e uma nova. Você escolhe quem você já conhece porque você já conhece (risos). Sabe as qualidades, os defeitos, sabe o que não gosta e o que gosta nessa pessoa, conhece sua família, conhece suas crises, conhece suas brigas e seus sonhos. Chega um tempo e você se pergunta: será que a minha escolha foi a melhor?”

Fique tranqüilo; no fundo, você não escolheu, apenas seguiu fazendo algo que sempre fez. Você não deu opção para a segunda pessoa, você não a conheceu. Nesse momento, você já indicou a primeira. Você ainda está preso àquela vida que você planejou, onde encontra certa segurança – não que isso seja ruim. O resultado você já sabe: algumas situações podem se repetir em sua vida.

Se você não pôde conhecer bem e tomar consciência das duas opções, então essa não foi uma escolha livre.

A real liberdade não é você ter duas opções, mas sim infinitas. É você poder ir aonde quiser, sem ter que escolher apenas entre dois lugares. A liberdade acontece em situações em que se deve escolher entre um caminho e outro que sejam menos triviais. No sentido de que você está tão aberto para qualquer possibilidade e sabe tanto quem você realmente é, que a vida não necessita perguntar, ela apenas flui - como um rio o levando aonde você precisa chegar. Quando chegarem duas ou mais opções, você as conhece e se conhece tão bem, que a escolha não será um estresse.

Quando nos perguntamos se saímos pela porta ou pela janela, isso não é liberdade. Isso é cativeiro disfarçado na sua mente. Geralmente, quando você sai de uma escolha dessas, você se pega envolvido numa outra, depois numa outra e depois em mais outra.

Nós imaginamos que, fazendo uma escolha, seremos livres, mas, logo à frente, ficamos pensando na escolha que fizemos e encontramos mais opções para fazer. Às vezes, queremos dar marcha à ré para voltar, mas, se tem uma coisa que passa e não volta atrás, é o tempo.

Convido a sermos realmente livres, a sair dos nossos condicionamentos, a escapar daquele mapa que traçamos para tudo e para todos, a parar de pegar o passado e replicar no presente.

Se você não quer colher sempre a mesma fruta, então plante outra diferente.

Até aquele amor que você sente pelo outro pode estar condicionado. Pela sua necessidade, você o ama pelo passado que vocês já tiveram, você o ama pelo seu medo, você o ama… Mas agora, no presente, você o ama? Encontre uma nova forma de amá-lo, antes que você descubra que talvez você nunca o tenha amado ou que isso tenha ficado no passado.

O que é o amor em relacionamentos além de poder estar na presença de qualquer um para se relacionar e ter a liberdade de escolher estar com um só? Amor e liberdade caminham juntos.

Permita-se conhecer os caminhos, permita-se conhecer a si mesmo. Se você não fizer isso, não terá opção. Irá fazer o que sempre fez e ter os mesmos resultados.

O que escrevo aqui não é uma fórmula pronta e nem algo mensurável. Não é necessário sair medindo ou aplicando a sua liberdade, apenas tome consciência do que é realmente ser livre.

“A prática propositada da meditação afeta profundamente nossa personalidade. Somos escravos do que não conhecemos; do que sabemos somos mestres. De qualquer vício ou fraqueza em nós mesmos descobrimos e entendemos suas causas e seus funcionamentos, nós os superamos pelo próprio saber; o inconsciente se dissolve quando o trazemos à consciência. A dissolução do inconsciente libera energia; a mente se sente adequada e se torna quieta.” — Sri Nisargadatta Maharaj

Você é livre para tomar aquela decisão?

Pense nisso. Medite, observe e converse.

Shanti (esteja em paz).

Virgilio Magalde

Engenheiro de Formação, que largou o mundo corporativo para seguir o sonho de ser professor na área. Filósofo, escritor e poeta de coração. Atualmente desenvolvendo o hábito de ser blogueiro. Possui formação em coaching e se interessa sobre assuntos de desenvolvimento pessoal, relacionamentos, meditação, espiritualidade e demais explicações sobre o que vemos e sentimos.

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