A exclusão dos idosos pela sociedade é visível em nosso cotidiano uma vez que, muitas vezes, eles são abandonados à espera da morte. No início da pandemia teve gente que minimizou num tom sarcástico que eram os “velhinhos” que iriam morrer pelo vírus, como se fosse algo normal.
A pandemia revelou a miséria moral de indivíduos e grupos, que se preocupam somente com seus lucros mais do que a vida, mostrando total desprezo pela velhice, por acreditar que os velhos seriam as principais vítimas da doença, o que não afetaria a economia.
Entretanto, foi uma ignomínia apostar que o coronavírus ficaria marcado como uma “epidemia de velhos”. O vírus não poupou ninguém e mesmo que poupasse, os endinheirados não possuem o poder e nem o direito de determinar quem deve morrer de Covid-19 ou de outra forma.
É uma arrogância de sujeitos que classificam os mais frágeis como “descartáveis”, contudo, o conforto e a tecnologia que eles usufruem foi também à custa do trabalho dos mais velhos. Aliás, todos os seres humanos, inclusive os que pensam assim, passarão pelo processo – inevitável – de envelhecimento, ou seja, os jovens de hoje serão os idosos de amanhã.
Então, precisamos ter consciência que a população da terceira idade cresceu expressivamente, considerando a média de vida de décadas atrás. Desse modo, se buscou nos países civilizados garantir a qualidade de vida dos idosos e respeitar sua integridade, e punir os que violam seus direitos.
Porém, o “ageismo” e sua pobreza intelectual, emocional e espiritual encara os velhos como improdutivos e os trata com infantilização. A nossa cultura ocidental produz um intenso desejo por erotismo associado à juventude, que impulsiona algumas pessoas a negar a idade, escondendo as rugas com cirurgias plásticas, porque são incapazes de ir além das aparências.
Ademais, as brigas familiares por questões financeiras ou de herança geram sofrimentos às pessoas idosas, que ainda são vítimas de maus-tratos, humilhações e restrições à liberdade do convívio social, o que se constituem em violência física e psicológica.
Na verdade, é dever da família, da sociedade e do Estado amparar os idosos garantindo-lhes o direito à vida e a dignidade. E de jeito nenhum, os governantes e os rentistas podem definir que são os velhos que devem ficar apartados da sociedade ou morrer em período de calamidade sanitária, para salvar a economia.
Diante desse contexto, devemos compreender que o papel dos idosos está em constante transformação, lembrar que uma sociedade é medida pela maneira como se relaciona com seus anciões e que são eles os guardiões de uma rica cultura de valores e tradições.
Portanto, a velhice é uma fase de riqueza do ser humano, é o momento que vamos olhar para trás e ver o quanto se aprendeu, acertou, errou e viveu. É como disse Carl Gustav Jung: “Que deveria haver um sentido para o envelhecimento, pois não chegaríamos a idades tão avançadas, se não houvesse um propósito para a espécie”. Afinal, envelhecer exige a nossa atenção para que possamos dignificar a existência humana.
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