Não há nada de errado em gostar de um artista, cantor ou atleta, pois apreciá-los pelo seus talentos estimula o nosso senso estético. Também é agradável admirar as celebridades que circulam pelos tapetes vermelhos, revistas e mídias digitais. Porém, torna-se uma patologia quando alguns ficam obcecados pelo estilo de vida dos famosos.
A obsessão sempre se converte em idolatria, palavra que vem do grego eidolon que significa “corpo” e latreia “adoração”, ou seja, uma veneração às aparências corporais, que leva os fãs a falar, vestir e agir do mesmo jeito dos seus ídolos. Aliás, eles confundem os personagens fictícios com a vida real dos atores e atrizes.
É absurdo dizer, que as celebridades adoecem, envelhecem e morrem como todos os seres humanos. E muitas delas são criticadas, porque engordaram, tiveram depressão ou saíram dos padrões hollywoodianos. Mas, o escapismo de hoje é tão poderoso, como distração mental, que recorre aos devaneios para negar o dor e a morte como algo inexorável.
A idolatria pelo modo de vida das celebridades preenche o vazio existencial de muitos indivíduos, que conhecem os detalhes da vida de seus ídolos. Entretanto, não recordam as datas de aniversários de seus pais e nome completo de seus avós, assim como a família e os amigos ficam em último plano.
A obsessão por celebridades é “marketizada” por apresentadores de televisão, que tentam estabelecer uma conexão íntima com o público-alvo. Além disso, a ilusão interativa com os famosos nas redes sociais permite que os fãs se sintam exclusivos ao conversar com eles, o que causa êxtase.
Os colunistas sociais se especializaram em criar a sensação glamorosa de que “gente normal” pode ter um dia de “estrelato”, basta uma bela foto e um elogio, mesmo sem possuir nenhum talento artístico, espalhando-se como um delírio narcisista nas plataformas digitais.
No olhar psicanalítico esses sujeitos/fãs estão utilizando o mecanismo de projeção para se realizar através do sucesso e da beleza dos famosos, a fim de preencherem a incompletude de suas vidas, e para isso convertem seus ídolos em uma versão melhorada de si mesmos.
Para a sociologia essa desmaterialização dos valores tradicionais é um fenômeno da nossa sociedade líquida. Os velhos modos de fazer as coisas não estão mais funcionando, enquanto os novos são mais efetivos e precisam ser experimentados. E nem que para isso os sujeitos anulem sua identidade, vivendo a vida de outros, sobretudo, a dos seus ídolos.
Portanto, a obsessão pelos famosos aumenta os lucros da indústria cultural e produz pessoas consumistas e ansiosas, que as induzem a acreditar que as imagens de seus ídolos são de “eterna juventude” e com estilos de vida perfeitos. Mas, do ponto de vista psicológico trata-se de sujeitos com sentimentos “fora do lugar”, que resultam na fuga da realidade.
Contudo, é possível cessar as atividades relacionadas à origem da obsessão, desde que os aficionados busquem ajuda psicoespiritual, uma vez que o melhor caminho é cortar a raiz do problema e para outros, o ideal é ir aos poucos se libertando da idolatria.
Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista
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