Por Juliana Santos
Raiva! Quem já não sentiu? Num milésimo de segundo ela vem como uma avalanche. Nos toma, tira a nossa razão. Seca a boca, acelera o coração, esquenta o sangue e treme as mãos. É uma emoção avassaladora; e se não controlada, pode produzir efeitos de difícil reparação.
Quando não sabemos lidar com nossos sentimentos, eles têm o poder de nos fazer responder sempre da mesma forma a eventos bastante diferentes. Desta forma, bater o dedinho do pé na mesinha de centro da sala e ver alguém bater no seu filho, podem invocar exatamente a mesma reação; isso porque o calor das emoções tem uma capacidade sobremaneira de afetar significativamente a nossa função racional.
Entretanto, a raiva é um sentimento muito importante. Ela nos auxilia durante a caminhada rumo à realização humana. Quando não gostamos de algo em nós, é dela que pode vir o impulso para a mudança. Quando nos indignamos com as injustiças sociais, ela pode ser a nossa força de luta e transformação. Quando sofremos pela separação de um parceiro(a), ela é companheira fiel na retomada da própria vida. Sem uma pitada de raiva, os sofrimentos não teriam fim. Assim, é uma função de extrema importância para as nossas defesas, estabelecimento de limites e tomadas de atitude.
Mas é preciso usá-la com consciência para aproveitar de sua sabedoria! Respostas sempre enfurecidas podem tanto ferir nossas relações afetivas mais preciosas, quanto gerar uma cadeia de mágoas e situações mal resolvidas, para nós e para os outros. Proporcionalmente, quando a projetamos apenas para dentro, podemos sentir o seu efeito destruidor através do doloroso sofrimento psíquico, ou da presença de inúmeras doenças que podem se associar a ela.
É comum às pessoas furiosas, a dificuldade de lidar com as frustrações; geralmente, “explodem” diante do ataque de alguém ou quando as expectativas, vontades e opiniões não são correspondidas. Jogamos sobre o outro a obrigação de apoiar nossas ideias, pensar como nós ou realizar nossos desejos, sem perceber que este tipo de atitude não corrobora para a construção de relações verdadeiras e maduras, aquelas em que podemos ser quem somos e crescemos no diálogo com as individualidades.
Portanto, seguem seis lições para quem quer se dar bem com a raiva:
1- Aprenda que todo sentimento deve ser reconhecido e respeitado, mas nenhum deles deve ganhar o lugar de “senhor de nossas vidas”.
2- Não tente resolver os problemas sem antes retomar o próprio controle. Conte até dez; se necessário, até cem ou mil. Sempre “espere a poeira baixar”.
3- Lembre-se que raiva demais é como penas espalhadas ao vento. Recolher os seus estragos pode ser uma tarefa bastante complicada.
4- Não se esqueça que não somos o centro do universo! Haverá sempre alguém que pensa e faz diferente de nós. Assim, construa relações de diálogo e não permita que o outro controle o seu comportamento.
5- Não permita que a carga emocional aprisione sua função racional. É preciso conhecer e atentar-se às próprias reações para tirar proveito da função positiva da raiva.
6- Se você engolir tudo o que sente, no final você se afoga! Dar vazão aos sentimentos é se permitir entrar em contato com as próprias fraquezas e sombras; assim se conhece os próprios limites, aprende e amadurece.
Boa sorte!
Juliana Pereira dos Santos – Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica Junguiana. Aprimoranda em Psicopatologia e Psicologia Simbólica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Coach formada pela Sociedade Brasileira de Coaching. CRP: 06/ 108582