Estava ouvindo na Radio Mundial de São Paulo o programa Entrevidas com o professor e terapeuta Marcello Cotrim e achei muito interessante a abordagem motivacional e metafísica que ele levantou para explicar que os patos têm uma sabedoria maravilhosa a nos transmitir. Com a leitura desse texto você nunca mais vai olhar para os patos da mesma forma.
Ele explicou fazendo um comparativo entre os arquétipos da águia e do pato, só lembrando que arquétipos são espécies de modelos mentais ou representativos e que são universais, ou seja, tanto no Brasil como em qualquer lugar do mundo, a concepção é a mesma.
A águia é um animal lindíssimo, tem força, tem resistência, tem longevidade, tem uma visão de longo alcance, voa acima das nuvens. Além disso, existe uma famosíssima lenda da renovação da águia e conta que quando chega à metade do seu tempo de vida, passa por um processo doloroso de renovação das penas, das unhas e do bico. Ela vai para as mais altas montanhas e fica lá, solitária, batendo o bico nas pedras até ele cair, depois espera pacientemente que nasça um novo. Em seguida ela arranca as penas e unhas e se prepara para um novo ciclo de vida.
Essa lenda da renovação da águia é vista por nós como o processo de sofrer para crescer, sofrer para se renovar, viver a solidão para conseguir se superar etc. etc. Se observarmos bem, o arquétipo da águia é como o de um MÁRTIR, alguém que sofre, mas que se torna maior do que as outras pessoas, se torna inesquecível. E no mundo em que vivemos, quase todos querem se tornar inesquecíveis, porque isso soa bonito, dá uma sensação imensa de ser importante, de ser insubstituível.
Porém, o risco está em querer ser águia o tempo inteiro. Isso é muito desgastante, é você se esforçar para ser sempre o melhor em tudo e alcançar patamares incomparáveis. A grande verdade é que ninguém consegue ser o melhor em tudo, e o barato da vida é exatamente esse, porque dessa forma podemos nos unir com outras pessoas, podemos pedir ajuda e fazer parcerias interessantes entende?
Essa ideia coletiva que se tem das águias reforça um perfil mais egoísta e autossuficiente, como se não precisássemos uns dos outros. É nessa hora que entra a figura do pato.
Ele é meio desengonçado na forma de andar, sabe nadar mas não é um exímio nadador, também consegue voar, mas não alcança grandes alturas, não sabe fazer voos rasantes etc. Perceba! Ele consegue transitar pela terra, pela água e pelo ar. Que animal além dele consegue fazer isso? Em outras palavras, o pato é MULTI-TAREFAS. Tem talentos diversos, mas está longe de ser um especialista em suas capacidades.
Olhar para esse animal e pegar esse modelo para a nossa vida é incrível, porque a vida não nos exige que sejamos os melhores em tudo e o tempo todo, não! Somos nós que nos auto-impomos esse padrão que por vezes chega até a nos adoecer.
No mundo hiper moderno que vivemos hoje, o ideal é que desenvolvamos nossos potenciais diversos, sem querermos ser os melhores em tudo. Isso por si só já nos deixa mais serenos, menos exigentes consigo mesmo e com uma possibilidade de ajudar muito mais pessoas.
Vale ressaltar que existem águias em todas as áreas da vida e em todas as profissões, mas não adianta ficar se comparando, porque na comparação nos menosprezamos e deixamos de fazer algo bom, que poderia ajudar a si mesmo e aos outros.
Por exemplo, eu escrevo bem, mas sei que não sou o melhor na arte da escrita. Não sou um Machado de Assis, porém, se eu não escrevesse, seria menos feliz e realizado do que sou e deixaria de levar conhecimentos e consciência para centenas de pessoas.
Gosto de jogar basquete, mas estou longe, absolutamente longe de ser um Michael Jordan ou Lebron James. Se me comparasse com esses gladiadores do basquete nem pisaria numa quadra, deixaria de me exercitar e de me divertir com esse lindo esporte.
Também gosto de cantar e tenho uma voz afinada, mas não sou um Freddie Mercury. Se só cantasse se tivesse uma voz potente como a dele não só eu, mas milhares de pessoas no mundo todo jamais se atreveriam a cantar.
Poderia citar mais exemplos, mas com esses acho que já deu pra você entender! O resumo de tudo é isso. Faça! Não queira se comparar com as águias. Sempre existirão águias em todas as áreas, mas entre ser uma águia, perita em apenas uma coisa, e ser um pato, que se esforça para desenvolver diversos talentos, sem auto-exigência, é preferível ser como um pato!
Sem contar que os patos vivem em bandos, eles muito facilmente se organizam em equipe e não tem o pato-alfa, que lidera a todos, não! Imitando o arquétipo do pato podemos até ser amigos melhores, sem querermos ser o chefe, o comandante. Isso também é desgastante e nos coloca num lugar solitário.
Enfim! São diversos ensinamentos incríveis que aprendi ao ouvir esse programa. Espero que tenha gostado tanto quanto eu gostei. Concluo deixando o link do programa para que você ouça e tenha a possibilidade de aprender um pouco mais…