A sinceridade é uma virtude quase incontestável. Contudo ser sincero pode resguardar muito mais que o simples fato de dizer a verdade. Nesse caso podemos estar falando de sincericídio.
O sincericídio, diferente da sinceridade que busca ser antes de tudo construtiva, tem por intuito dizer algo que, intencionalmente ou não, pode e quase sempre vai causar danos.
Dizer de um comentário maldoso sobre o peso de alguém ou sobre sua aparência, é chover no molhado, pois é óbvio que nesse caso a maldade se mascarou de sinceridade. Contudo o sincericídio que me chama a atenção não é esse consciente de sua baixeza, mas aquele que a pessoa comete, quase sempre de forma inconsciente, contra ela mesma.
A hoje escritora Kate Holden, autora de livros como “Na Minha Pele” e “Noites Italianas”, teve no passado uma relação conturbada com drogas e prostituição. No entanto, houve um momento em sua trajetória no qual ela resolveu que era hora de mudar de país e de vida. Dessa forma ela deixou a Austrália e partiu para a Itália vislumbrando uma nova chance de fazer tudo diferente.
Contudo, todas as vezes nas quais um homem se aproximava dela, deixando de lado qualquer coisa que pudesse dizer sobre si no presente, ela se voltava para o passado e anunciava em alto e bom tom que tinha sido prostituta em um tempo recente. Kate sempre escolhia dizer o seu pior diante de uma nebulosa condição presente, muito antes de ter com o homem em questão um filete de intimidade.
Logo, não tendo qualquer parâmetro para o que ela era no momento de sua afirmação, todos passavam instantaneamente a tomá-la como a Kate do passado. Desse modo, seus anseios para o amor desmoronaram todos, um por um.
Não precisei terminar de ler o seu segundo livro para entender que ela cometia contra si um sincericídio velado. Kate arranhava a realidade amorosa para torna-la aceitável, contudo o fazia com tamanha intensidade que acabava por danificá-la irremediavelmente.
Citei o exemplo de Kate por ele ser bastante evidente, mas muitas pessoas mundo afora cometem o sincericídio com frequência e não encontram razão para suas dores. Muitas vezes são pessoas que caminham se achando incompreendidas, mas não compreendem em si razões para se deixar amar.
Nós podemos inconscientemente ser nossos piores algozes, pois temos quase sempre uma expectativa pessoal muito alta a nosso respeito e somos bastante intolerantes às nossas fraquezas, o que nos faz crer, erroneamente, que os outros não podem nos amar imperfeitos como somos.
Além do mais, como humanos, carregamos em nós um medo exacerbado de tudo que parece muito bom, sendo assim quase sempre tratamos de minimizar ou até mesmo acabar com o que pode ser maravilhoso.
Dessa forma, antes de fazermos qualquer referência acerca de nós mesmos ou até mesmo com relação aos outros, o ideal é que busquemos saber se estamos sendo sinceros, se o intuito de nossa afirmação é construtivo.
Sejamos amáveis e respeitosos com tudo que somos. Todo sincericídio é danoso, seja ele inconsciente ou não. Buscar e aceitar o melhor nos outros e em nós, agindo de forma carinhosa, positiva, instrutiva e empática é uma ótima opção para minar o tão nefasto hábito de colocar tudo a perder.
(Imagem de capa meramente ilustrativa)
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