Inquietante! É o que falamos quando algo transforma nosso interior, mas não sabemos como, nem por quê. No caso de uma atração inexplicável por outra pessoa, aí nos deparamos com a pergunta: será mesmo que é a tal da química, metamorfoseada dentro da gente e passando para mais um estágio de vida?
A questão é que sabemos muito pouco do nosso interior, do nosso que que avança e quase sempre nos perturba sem nos dar quase nada ou nenhum entendimento que nos arraste para a suposta compreensão do que se passa com o mundo que criamos a cada ato vindo do inexplicável.
É como se levássemos várias capas para onde vamos: de formatos e cores diferenciadas, elásticas no tempo. Temos os tipos certos para todas as ocasiões, contato que não descubram quem ou o que somos, pois residimos no mistério, e ainda esperamos olhares, risos e ruídos curiosos a nosso respeito. Se não há mistérios, não tem graça. Toda a graça está exatamente no ponto alto da composição preparada para o outro, o que chamamos de alquimia. A esta altura, a química que envolve o outro em nossa rede de ficções.
Não passa de química, tem que ter a tal dessa química que tanto acreditamos. E isso serve para tudo na vida, pois gostamos mesmo do prazer que há até nas minúsculas coisas. Da atração pelo inusitado que nos envolve. Se não tem química, não rola.
E quando nos falta esse ponto de harmonia perfeita em relação a outra pessoa, essa química que já virou nossa maior necessidade? Nos humanos, os opostos não se atraem, sempre existe um elo que os fazem querer a mesma coisa: estarem juntos e ter a companhia para dividirem suas experiências, embora às vezes pensem em polos opostos, o que, para alguns, são atraídos cada vez mais por esse desnível louco que reside no outro; é o que os faz avançar no ritmo frenético da vida.
O melhor mesmo é sabermos que temos um universo de infinitos caminhos que levam às situações e a alguém que, com química ou não, podemos descobrir novos ângulos para enxergarmos a vida com mais cores e novos sentidos. Assim, podemos escolher a melhor bagagem, a mais leve, a que se fantasiará em nosso palco particular e arrancará aplausos de qualquer transeunte escondido por trás da cortina. No fundo, é nossa química individual que escolhe a melhor parceria com o outro.
Nota: A imagem de capa é uma homenagem ao filme “Meia noite em Paris”, um dos maiores sucesso de bilheteria de Woody Allen
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